A especialização do manejo reprodutivo de suínos e o avanço genético das matrizes permitiram que os indicadores de desempenho reprodutivo atingissem patamares de excelência. As melhorias na produtividade podem ser atribuídas à qualidade no processamento das doses de sêmen, ajustes de protocolo e técnica de inseminação e também a maior hiperprolificidade das matrizes.
Com os atuais resultados de desempenho reprodutivo, a tendência é que as melhorias não sejam observadas diretamente através dos indicadores de eficiência reprodutiva quando adotado uma nova tecnologia. Assim, benefícios nos demais setores produtivos, como central de inseminação, maternidade, creche, recria e terminação devem ser considerados. Não menos importante, proporcionar ferramentas de manejo que facilitem a qualidade de trabalho e a satisfação das pessoas envolvidas no processo produtivo também torna-se um importante fator a ser avaliado. Nas centrais de inseminação, os avanços tecnológicos proporcionaram melhorias no uso de materiais de consumo que minimizam os riscos de contaminação durante o processamento de sêmen, além da utilização de equipamentos que proporcionam maior segurança na avaliação da qualidade espermática, taxa de diluição e número de espermatozoides na dose.
Nas granjas de produção de leitões os protocolos de inseminação e detecção de estro sofreram alterações que possibilitaram otimizar os manejos no setor de gestação. A utilização da inseminação artificial intrauterina (IAU) permitiu a deposição do sêmen no corpo do útero e assim possibilitou a redução do número de espermatozoides na dose de sêmen, permitindo a otimização de machos e a redução no tempo de realização da inseminação.
Assim, tanto as alterações nos protocolos de inseminação quanto na técnica de IAU possibilitaram melhorias importantes no setor de gestação. No entanto, ainda existe oportunidade para a implantação de novas tecnologias no setor reprodutivo que podem otimizar ainda mais os ganhos obtidos até o momento.
Tendências Tecnológicas
Embora avanços no manejo reprodutivo tenham sido observados, a realização de várias inseminações durante o estro ainda é uma realidade na suinocultura. Isto ocorre porque é difícil predizer o momento da ovulação em função da alta variabilidade da ocorrência deste evento entre indivíduos. Assim, a realização de múltiplas inseminações permite assegurar que ao menos uma dose de sêmen seja realizada no intervalo ideal de até 24 horas antes da ovulação.
Pesquisas buscaram estruturar tecnologias que permitam reduzir a variabilidade do momento da ovulação e assim possibilitar que uma única inseminação artificial em tempo fixo – IATF possa ser realizada durante o estro em momento predefinido. A sincronização da ovulação pode ser obtida através do uso de hormônios exógenos que induzem a ovulação.
Uma série de protocolos de sincronização da ovulação foram estruturados tanto para leitoas quanto para porcas desmamadas. Em leitoas os protocolos consideram a sincronização do estro com o uso de progestágenos seguido pelo uso de indutores do crescimento folicular e indutores da ovulação. Esses são protocolos mais complexos e exigem a maior utilização de hormônios, o que muitas vezes acaba dificultando a aplicabilidade da técnica. Em porcas desmamadas o estro é sincronizado ao desmame na maior porcentagem das fêmeas, facilitando a estruturação dos protocolos de sincronização da ovulação. Nas fêmeas desmamadas, existe protocolo que considera a aplicação de um único indutor da ovulação em momento predefinido após o desmame e realização de uma única inseminação em 100% das porcas até cinco dias após o desmame.
O uso da IATF tem sido adotado em granjas comerciais de países norte-americanos. A IATF pode proporcionar um melhor planejamento do fluxo produtivo e da mão de obra utilizada no setor de gestação, otimizar as centrais de inseminação e otimizar o ganho genético, considerando que somente uma única dose de sêmen será realizada na maior proporção das fêmeas selecionadas para a reprodução ao desmame. Os resultados de eficiência reprodutiva são satisfatórios em relação aos observados com o protocolo tradicional de múltiplas inseminações.
A aplicação desta ferramenta de manejo também traz benefícios para outros setores produtivos à medida que a mão de obra disponível na gestação pode ser direcionada para a maternidade, focando no atendimento dos leitões nos primeiros dias de vida. A realização de uma única inseminação com o uso de machos geneticamente superiores extrapola ganhos de desempenho também para os setores de creche, recria e terminação. A redução no número de doses processadas nas centrais de inseminação permite otimizar e melhor planejar a escala de trabalho nas centrais de inseminação e reduzir o número de machos alojados nas centrais de inseminação.
A IATF em suínos é uma tecnologia que está disponível no mercado brasileiro, sendo considerada como uma tendência para a otimização do manejo reprodutivo das granjas, ampliando os ganhos para os demais setores do sistema produtivo
Fonte: O Presente Rural – Artigo escrito por Rafael Ulguim, doutor em Reprodução de Suínos da Elanco.