Joinville sedia a partir desta quarta-feira, 10, o 5º Workshop Catarinense de Indicação Geográfica (IG).

Em Santa Catarina a uva Goethe, de Urussanga, tornou-se o primeiro produto do Estado oficialmente reconhecido como indicação geográfica. Imagem ilustrativa

Em Santa Catarina a uva Goethe, de Urussanga, tornou-se o primeiro produto do Estado oficialmente reconhecido como indicação geográfica.
Imagem ilustrativa

Produtos da agricultura familiar com potencial de inserção no mercado nacional e internacional estarão sendo debatidos com participantes de 14 Estados e dos países de Portugal, Espanha, Argentina e Peru. O evento segue até sexta-feira no Complexo de Desenvolvimento Rural de Joinville e Região (Codej), em Pirabeiraba. A programação inclui ainda a 4ª Mostra de Produtos Tradicionais na Casa Krüger e a 1ª Oficina de Queijos Artesanais no Brasil.

“Esse evento é de extrema importância porque aproxima a possibilidade de incluirmos produtos da região na certificação de indicação geográfica. Ele tem caráter técnico porque serão discutidos aperfeiçoamentos, é prático porque haverá oficinas e cursos e é de integração porque vamos reunir a academia juntamente com produtores e órgãos oficiais”, explica o gerente regional da Epagri, Onévio Zabot. Entre os mais de 250 inscritos, há técnicos agrícolas, proprietários de comércios, produtores rurais, cooperativas, sindicatos, órgãos de governo, universidades e acadêmicos das áreas de geografia, história, direito e gastronomia.

De acordo com o engenheiro agrônomo, produtos da região tem potencial para serem incluídos na certificação. “A banana produzida em Corupá, a erva-mate, do Planalto Norte, e o queijo artesanal, da região de Lages já estão com estudos bastante avançados para receberem a IG”, explica. Zabot destaca ainda que a polpa do palmito juçara, de Joinville, as ostras, de Florianópolis, e os produtos suínos, no Oeste, foram identificados com o mesmo potencial.

O primeiro Workshop Catarinense de Indicação Geográfica aconteceu em Blumenau em 2012 e 2013 e depois foi realizado na Univille por dois anos consecutivos. Em 2016 passa a integrar o Complexo de Desenvolvimento Rural de Joinville e Região (Codej) como forma de valorizar a agricultura e o setor local. O evento é uma organização do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Governo do Estado de Santa Catarina, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Tem apoio do Badesc, Univille, Rede Sial, SC Rural, Iphan, Fapesc, Furb, UFSC, Acip, INCS, Capes, Cirad, Cimvi e Crea SC. Mais informações em www.redeindicacaogeografica.com.

 

O que é certificação de indicação geográfica

 É usada para identificar a origem de produtos quando o local tenha se tornado conhecido por característica daquele serviço. No Brasil, há duas modalidades diferentes: Denominação de Origem (DO) e Indicação de Procedência (IP). A certificação é concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), vinculado ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Na União Europeia, a predominância do registro está nos alimentos, em solo brasileiro, tem calçados, mármores e alimentos.

Em Santa Catarina a uva Goethe, de Urussanga, tornou-se o primeiro produto do Estado oficialmente reconhecido como indicação geográfica. A partir de pesquisas desenvolvidas pela Epagri, em 2006, houve o resgate do cultivar. Hoje 60 famílias cultivam a uva. Para obter a certificação, o produto passou por um resgate de práticas na produção e aspectos culturais, sobretudo, àqueles que expressem os valores locais e regionais.

 

Oficina de queijos artesanais no Brasil

A programação da oficina de queijos artesanais com 145 inscritos vai abordar durante toda a quarta-feira, 10, a situação atual, os desafios e as perspectivas do produto. Uma mesa redonda vai discutir a produção e o mercado dos queijos artesanais na França, América Latina e Brasil com técnicos dos três países. “O participante vai obter um conhecimento sobre a cadeia produtiva leiteira, a legislação acerca dos queijos destinados a comercialização, a regularização da produção artesanal e o mercado em expansão”, explica Ana Lucia Ribeiro, chefe de treinamento da Epagri. A oficina encerra no final do dia com degustação de 30 tipos de queijo.

 

*Programação quarta-feira (10/8)

8h às 18h30: Queijos artesanais no Brasil: situação atual, desafios e perspectivas.

8h45: A situação da produção e mercado dos queijos artesanais na França, América Latina e Brasil. Presenças de Claire Marie Thuillier Cerdan e Christiane de Saint Marie (França); Monica Chavez Clemente (Argentina); Célia Lúcia de Luces Ferreira (Brasil).

10h45: Perspectivas para a regularização da produção artesanal de derivados de leite no Brasil. Com Michelle Carvalho (Alow-Food UFSC). Clério Alves da Silva (DIPOA-MAPA). Leonel Prezotto (GT IN 16). Rosilene Mendes dos Santos (Anvisa). Sonia Azevedo Nunes (GT Queijo).

14h: ações em andamento em âmbito estadual e municipal. Moderadora Jaqueline Sgarbi (UFPel), Geraldo Mosimann da Silva. Benoit Paquereau (ITEP – Instituto de Tecnologia de Pernambuco. Elmer Ferreira  Luiz de Almeida (Emater MG). Bruo Cabral (Mestre queijeiro de SP). João Carlos Santos da Luz (Emater RS) e Diva Deitos (Apaco SC).

16h30: degustação dos queijos.

16h45: Propostas para regularização da produção e comercialização dos queijos artesanais no Brasil e discussão de propostas em grupos temáticos com apresentação e sistematização.

18h30: encerramento da oficina de queijos.

18h30: Coquetel de boas-vindas, na Casa Krüger.

19h30: Credenciamento, no Codej.

20h30: Panorama, perspectivas e desafios da agricultura familiar: oportunidades para grandes negócios em pequenas propriedades. Palestra com doutor Airton Spies, secretário adjunto da Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina.

21h: Comércio internacional de IGs: histórico, situação atual e perspectivas. Palestra com o diplomata Pedro Santos, primeiro conselheiro da delegação da União Europeia no Brasil.

 

Programação quinta-feira (11/8)

8h: Marco jurídico das IGs: Europa e Brasil. Palestra com doutor Alberto Francisco Ribeiro de Almeida, da Universidade Lusíada do Porto e Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, de Portugal.

8h45: Valor da produção de produtos agrícolas e gêneros alimentícios, vinhos, vinhos aromatizados e bebidas espirituosas protegidas por IGs na União Europeia. Palestra com o diplomata Pedro Santos, primeiro conselheiro da delegação da União Europeia no Brasil.

9h30: Marcas x IGs: conflitos e convergências. Palestra com a doutora Patrícia Maria da Silva Barbosa , do Instituto Nacional da Propriedade Industrial.

10h30: Oportunidades e desafios das IGs no Brasil: o caso da indicação de procedência da uva Goethe. Palestra com doutora Claire Marie Thuillier Cerdan, do Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique Pour le Développement, da França.

13h30: O ser humano no contexto da produção tradicional. Palestra com doutor Ignacio López Moreno, da Universidad Autónoma Metropolitana  Lerma e Grupo Territorio, Cultura y Desarrollo de la Universidad de Sevilla, da Espanha.

14h15: Cooperação entre territórios, redes e Estado. Palestra com doutor Gilberto Carlos Cerqueira Mascarenhas, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

14h55: Gestão de Design e IGs: da valorização do produto à saúde do produtor​, uma abordagem centrada no Ser Humano. Palestra com o doutor Eugenio Andrés Díaz Merino e a doutora Giselle Schmidt Alves Diaz Merino, do Programa de Pós-Graduação em Design da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Programa de Pós-Graduação em Design da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).

15h25: Preservação do patrimônio natural e do saber-fazer nas IGs. Palestra com a mestre Roberta Barros Meira, da Universidade da Região de Joinville.

18h: Análise de produtos catarinenses: Uva Goethe; Queijo Serrano; Erva-mate do Planalto Norte; Banana de Corupá.

18h: Apresentação de trabalhos acadêmicos

22h: encerramento

 

*Programação sexta-feira (12/8)

8h: início das diferentes oficinas

 – Processo de reconhecimento de Indicações Geográficas no Brasil, com Raul Bittencourt Pedreira, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial.

– Processo de reconhecimento de Indicações Geográficas na União Europeia, com doutor Alberto Francisco Ribeiro de Almeida, da Universidade Lusíada do Porto, de Portugal.

– Processo de reconhecimento do patrimônio cultural imaterial, com representante do Iphan.

– Boas práticas na agricultura e pecuária, com representante do Mapa.

– Manipulação de alimentos, curso de Gastronomia da Univille.

– Elaboração de culinária tradicional, cucas, com representante da Epagri.

12h: encerramento do evento.

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Ana Paula Keller

Jornalista MTE 5206/SC

ADR – Joinville

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