A produção nacional de suínos passou por significativas mudanças que se consolidaram, constituindo a base do que hoje é a suinocultura. Sua evolução atinge a cadeia produtiva como um todo, da genética à gestão de negócios, passando, é claro, pela nutrição, instalação, sanidade e práticas ambientalmente corretas. Nesse contexto, a eficiência da produção suinícola está diretamente relacionada com o manejo do rebanho, que refere-se ao conjunto de técnicas utilizadas na criação, em suas diferentes etapas, desde o nascimento até o abate.
Maternidade
Os cuidados com os leitões recém-nascidos começam antes do nascimento, ou seja, na atenção especial com a porca gestante, visando à preparação da maternidade. Além da assistência permanente durante o parto, para garantir o maior número possível de leitões nascidos vivos.
O preparo da fêmea antes de chegar o momento do parto merece muita atenção. Ela deve ser vacinada contra paratifo, com vacina antibacteriana, e receber uma dose de vermífugo, entre 10 e 20 dias antes do parto. Dez dias antes, iniciam-se os preparativos para a higienização da maternidade e da porca. A cela parideira precisa ser bem raspada, lavada e desinfetada, ficando sem uso por 48 horas. Só então, a fêmea poderá ser conduzida à maternidade. A higienização do animal requer o uso de água e sabão de coco com a utilização de uma escova macia.
Logo ao nascer, o leitão deve ser submetido à remoção dos restos fetais; atadura; corte e desinfecção do cordão umbilical e da cauda; e corte dos dentes. Em seguida, é posto em contato com o úbere da porca o mais rapidamente possível, para a primeira mamada. Fornecer aquecimento adicional ao recém-nascido é outra providência fundamental. A partir do primeiro dia de vida, os leitões devem ter água limpa e de boa qualidade à disposição, e receber ração a partir do sétimo dia.
Desmama
O desmame é a separação dos leitões da porca, ou seja, um processo bastante complicado, qualquer que seja a idade em que aconteça. Saber a hora de desmamar depende do tipo de rebanho, das condições, da intensidade e dos objetivos do criador. Teoricamente, os leitões podem ser desmamados quando o produtor quiser, mas se isso acontecer muito cedo, serão necessárias outras manobras de manejo.
Recomenda-se que o desmame seja feito aos 21 ou 28 dias de vida do leitão, sempre no mesmo dia da semana, o que facilita os manejos seguintes. Para tomar a decisão sobre a hora certa de desmamar, o produtor precisa considerar aspectos nutricionais, as instalações e a qualidade da mão-de-obra a ser utilizada. Todos os leitões, sem exceção, devem ser pesados. Dependendo do planejamento, eles poderão ficar na maternidade ainda por algum tempo, a fim de reduzir o estresse. Do contrário, serão transferidos para a creche no mesmo dia.
Manejo nutricional
O fornecimento de alimentação sadia, que atenda às necessidades nutricionais dos suínos, é fundamental à saúde e ao bem estar dos animais em todos os estágios da produção. Existem no mercado diversos tipos de rações, como as comerciais de uso imediato; concentrados, que misturados ao milho tornam-se rações balanceadas; e alimentos para a fabricação de ração na própria granja.
A composição de uma ração balanceada a ser misturada na própria granja deve conter alimentos energéticos, como fubá de milho, sorgo, farelo de trigo, farelo de arroz; proteicos, como farelo de soja, farelo de amendoim, farinha de peixes, farinha de carne; e fontes de minerais e vitaminas. Para a fabricação de ração na granja, é importante a orientação de um zootecnista especializado.
Vacinas
O sucesso na formação dos anticorpos, que são as defesas naturais, depende diretamente do manejo, desde o nascimento até o uso de vacinas injetáveis. O colostro é responsável pela imunidade passiva, tendo papel decisivo no desenvolvimento dos mecanismos que permitem a imunidade ativa, que é a capacidade de reação do organismo à ação de agentes externos danosos à saúde.
A imunidade ativa é obtida por meio da aplicação de vacinas durante a lactação ou no período de creche. O objetivo principal é proteger os leitões contra pneumonia enzoótica, pleuropneumonia e rinite atrófica, doenças respiratórias que provocam danos consideráveis em toda a leitegada.
Biossegurança
Consiste em um conjunto de normas e procedimentos que devem ser rigorosamente seguidos para evitar a entrada de agentes infecciosos (vírus, bactérias, fungos e parasitas) no plantel, e também para controlar sua disseminação entre os diferentes setores ou grupos de animais dentro do sistema de produção.
O sistema de produção deve ser planejado de forma que esteja o mais isolado possível de outros criatórios ou aglomerados de suínos, de maneira a evitar ao máximo a propagação de doenças por via aérea e por vetores.
O acesso deve ser restrito ao trânsito de pessoas e/ou veículos com autorização prévia. Em suas dependências, devem estar inclusos o escritório e o banheiro, junto à cerca que contorna o local. O banheiro deve possuir uma área suja, chuveiro e uma área limpa, onde devem ficar as roupas e botas da granja, para que o fluxo entre as áreas seja possível apenas pelo chuveiro. Todos os dias, os funcionários devem tomar banho e trocar a roupa antes de iniciar os trabalhos.
Artigo escrito por Patrícia Tristão/CPT.