A suinocultura exige constantes mudanças, e principalmente, a busca diária pela maior eficiência na produção. O alto custo da alimentação e as inconstâncias na remuneração adequada do produto final (suíno terminado) requer que o suinocultor produza suínos de crescimento rápido e com a melhor eficiência alimentar. Por outro lado, desafios como aumento no número de leitões pequenos e desuniformidade, associados muitas vezes às condições ambientais e sanitárias não adequadas, acabam por limitar o potencial de crescimento destes animais. Uma nutrição adequada, com ingredientes de alta digestibilidade, é fundamental para fornecer os nutrientes necessários para um maior ganho de peso, permitindo que o animal chegue mais rápido ao seu peso final de abate, com a melhor conversão alimentar.

Foto/ Reprodução/ O Presente Rural

Nas dietas para leitões, ingredientes como produtos à base de lácteos, plasma e farinha de peixe são comumente utilizados para melhorar o perfil nutricional, mas exigem atenção quanto a variação na qualidade e disponibilidade. A maior parte ainda é composta por ingredientes à base de milho e soja, mas, para animais jovens, é necessário que estes ingredientes recebam alguma forma de processamento para melhorar a digestibilidade, “facilitando” o contato das enzimas digestivas com os nutrientes, e ainda reduzir os compostos antinutricionais presentes.

Entre os cereais, o milho é o ingrediente utilizado em maior proporção nas rações, responsáveis por fornecer a maior parte da energia destas dietas na forma de carboidratos. O amido é o principal carboidrato dos cereais, armazenado na forma de grânulos de amilose e amilopectina, em que uma parte é insolúvel, resistente à entrada de água e das enzimas digestivas. O processamento físico (moagem) e/ou térmico (aquecimento) promove o rompimento destes grânulos, permitindo que absorvam água e ocorra uma desestruturação das cadeias (gelatinização do amido), tornando-as mais susceptíveis a ação das enzimas digestivas.

Já a soja integral, principal fonte de proteína, contém uma série de fatores antinutricionais, como inibidores de protease, lecitinas, etc., que prejudicam o desempenho dos animais jovens. Para melhor uso, é necessário que sejam utilizados após o processamento térmico, pois estes fatores perdem sua atividade com efeito do calor. Além disso, o calor afeta a estrutura dos lipídios, aumentando a sua disponibilidade, e consequentemente a valor energético.

Processamentos mais Utilizados

Dentre os processamentos mais utilizados para melhorar a digestibilidade dos ingredientes estão a moagem e os processamentos térmicos (peletização, expansão e extrusão das dietas). A peletização é método mais comum utilizado nas rações para suínos desde 1930, mas a extrusão seria o método mais eficiente para processamento de cereais utilizados na alimentação infantil e de neonatos e, consequentemente, também para suínos.

Peletização

No processo de peletização, os ingredientes são submetidos à umidade, calor e pressão até que se consiga obter uma massa no formato de pellets. A temperatura pode chegar até 125° C, dependendo do equipamento, sendo que em rações iniciais de leitões, a temperatura dificilmente ultrapassa os 70° C devido ao alto teor de açúcares.

Extrusão

Já o processo de extrusão consiste em expor os ingredientes à alta temperatura (que pode chegar a 200° C) durante poucos segundos. Com isso, aumenta o grau de gelatinização do amido e melhora a ação das enzimas digestivas, promovendo melhora na digestibildade dos nutrientes.

A extrusão ainda melhora o aproveitamento da proteína, principalmente na soja, pois rompe a parede celular dos ingredientes, liberando a proteína presente na fração fibrosa, além de promover a desnaturação destas proteínas, inativando seu efeito antinutricional (fatores anti tripsina, etc.). Ainda, aumenta a estabilidade dos lipídeos e consequentemente promove maior valor energético. Várias pesquisas mostram que a proteína extrusada de soja e a soja integral extrusada são excelentes fontes de proteína para leitões.

Em termos práticos, a tecnologia de peletização de rações melhora a conversão e eficiência alimentar entre 6 e 7% devido à redução do desperdício e aumento da digestibilidade da energia através da gelatinização do amido. Como a extrusão promove mudanças mais severas nas características físico-químicas dos ingredientes quando comparada à peletização, devido à alta temperatura e pressão utilizadas, o ganho em conversão alimentar tende a ser ainda maior.

No entanto, o custo alto com aquisição e manutenção destes equipamentos ainda é restritivo, e por isso, uma alternativa seria extrusar parte destes ingredientes na forma isolada ou em conjunto, o que permite levar a todos uma parte dos ganhos da tecnologia de extrusão.

Extrusando apenas parte dos ingredientes, Serrano (1997) avaliou o desempenho de leitões alimentados com milho moído versus milho extrusado e obteve 12% e 15% de aumento no consumo de ração e ganho de peso, respectivamente, nas fases iniciais de creche. Avaliou também o efeito da extrusão sobre o processamento da soja e obteve 14% de melhora no ganho de peso diário nos primeiros 20 dias de creche.

A melhora do desempenho ocorre pela melhora na digestibilidade dos ingredientes. Outros autores evidenciaram aumento de 3% e 6% na digestibilidade da matéria seca e proteína, respectivamente, quando comparado a dietas extrusadas versus peletizadas. Além disso, a extrusão melhora também a digestibilidade da fibra, o que aumenta o aproveitamento da energia.

Importante citar que processamento térmico em excesso, fora dos padrões ideais, pode ser prejudicial, pois pode promover reações do tipo Maillard (formação de complexos entre açúcares com aminoácidos), reduzindo a digestibilidade dos ingredientes. Esse risco é reduzido quando o processo é conduzido por empresas que dominam a tecnologia de extrusão.

Buscar as melhores soluções em dietas especializadas, como a de leitões, é uma necessidade para qualquer suinocultura. Como resultado do efeito positivo do processo de extrusão sobre a digestibilidade e eficiência alimentar em animais jovens, muitas companhias na Europa fornecem dietas extrusadas aos leitões. No Brasil, o uso de mistura de ingredientes ou blends extrusados para compor as rações pré iniciais e iniciais de creche é uma alternativa que pode trazer economias de até dois quilos de ração por leitão. E desempenho com menor custo final é o que todo suinocultor precisa.

Artigo escrito por Silvano Bünzen, zootecnista e DSc em Nutrição de Monogástricos Gerente de Produtos Suínos

Fonte: O Presente Rural

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