Puxados sobretudo por incrementos das colheitas, os valores brutos das produções (VBP) de soja, milho e cana, as três culturas agrícolas brasileiras de maior receita “da porteira para dentro”, deverão atingir novos recordes e representar 60,9% do montante total previsto pelo Ministério da Agricultura para os 20 principais cultivos temporários e perenes do país este ano.
Se confirmada, será a maior concentração no faturamento das lavouras pelo menos desde 2000, quando a combinação entre uma grande renegociação de dívidas rurais em meados da década de 90 e a forte desvalorização do real em 1999 passou a motivar a aceleração dos avanços da produção nessas cadeias, sob influência do ganho de competitividade das exportações. O trio domina o VBP calculado pelo ministério desde o início da década passada e em 2012 sua fatia foi de 58,7%.
Em levantamento divulgado ontem, a Assessoria de Gestão Estratégica do ministério revisou o VBP consolidado dos 20 principais cultivos do país para R$ 272,151 bilhões. Em relação à previsão divulgada no mês passado, o montante é 0,4% menor, mas ainda há aumento de 9,4% na comparação com o resultado de 2012, até aqui o melhor da história. Analistas esperam novos ajustes para baixo nos próximos meses, uma vez que a tendência para os preços dos grãos é de queda, mas nada capaz de ameaçar o novo recorde.
Com um expressivo incremento de 22,7% da colheita nacional na safra 2012/13 depois dos problemas provocados por uma severa estiagem na região Sul em 2011/12, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro, deverá registrar VBP de R$ 80,609 bilhões neste ano, 17,2% mais que em 2012. Sozinho, portanto, o grão representará 29,6% do valor consolidado da produção agrícola projetado.
Segunda no ranking, a cana, alavancada por uma previsão de aumento de 11% da colheita nacional nesta safra 2013/14 – as culturas perenes normalmente estão um ciclo à frente das temporárias -, teve seu VBP ajustado para R$ 48,094 bilhões neste ano, 9,2% maior que o de 2012. No caso do milho, cuja produção em 2012/13 cresce 8,4% sobre 2011/12, conforme a Conab (ver matéria acima), o VBP tende a atingir R$ 37,051 bilhões, um aumento de 11,3%.
Com a retomada canavieira, mas também empurrado por uma estimativa de produção de laranja em São Paulo que dificilmente se confirmará – o volume previsto pelo governo é 70 milhões de caixas de 40,8 quilos superior ao estimado por citricultores e indústrias de suco -, o Sudeste permanecerá como a região do país de maior VBP em 2013. O montante projetado pelo ministério chega a R$ 81,796 bilhões, 16,3% acima do apurado no ano passado.
E graças à recuperação da colheita de soja e milho, o Sul deverá voltar a superar o Centro-Oeste. O VBP conjunto de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná tende a somar R$ 75,279 bilhões neste ano, 26,1% acima de 2012, enquanto Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal tendem a atingir R$ 73,331 bilhões, um crescimento de 1,37% em igual comparação. Em 2012, o Centro-Oeste liderou o ranking do ministério pelo primeira vez.
Fonte: Valor Econômico