Uma das últimas fronteiras agrícolas do Brasil, o estado do Amapá começa a ganhar uma nova paisagem rural com a introdução de cultivos de grãos em escala comercial. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) acompanha este processo de perto, por meio de ações de transferência de tecnologias adaptadas ao cerrado amapaense. Nesse contexto, no último dia 11/9 a Embrapa Amapá conduziu o 1º Dia de Campo da Soja, simultâneo ao 4º Dia de Campo da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), reunindo 31 produtores, cinco técnicos de extensão rural e uma equipe técnica da Embrapa no Campo Experimental do Cerrado, localizado na BR-156 km 43, no município de Macapá (AP).
Durante o evento, o pesquisador Sebastião Pedro da Silva Neto, coordenador do programa de melhoramento de soja da Embrapa Cerrados (Planaltina / Distrito Federal) fez uma avaliação in loco de 13 cultivares comerciais de soja, que fazem parte da unidade de validação instalada no Campo Experimental. Sebastião Pedro é uma das referências em melhoramento genético de soja no Brasil. Ainda no Amapá, ele participou, na terça-feira, 10/9, de uma visita técnica aos experimentos da Embrapa instalados no município de Tartarugalzinho, região de cerrado considerada com alto potencial para desenvolvimento de agricultura empresarial. Na quinta-feira, 12/9, o pesquisador convidado reuniu com uma equipe da Embrapa Amapá e representantes de instituições parceiras para apresentar resultados de pesquisas realizadas em diversas regiões do País e prospectar parcerias no Amapá.
Durante levantamento prévio realizado pela Embrapa junto aos produtores de grãos do Amapá, a principal reivindicação apontada por 13 dos 15 entrevistados foi a necessidade de cultivares adaptadas para o estado, sobretudo para o cerrado amapaense. Outras demandas apontadas foram pesquisas sobre adaptação de sistemas de produção para as condições locais, assistência técnica in loco, estudos com época de semeadura, agilidade e precisão na análise de solo e estudos com manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas.
Para contribuir no atendimento a esta realidade, a Embrapa Amapá instalou experimentos para avaliar a produtividade de 13 cultivares comerciais de soja em dois municípios (Macapá e Tartarugalzinho) e trouxe ao estado o pesquisador Sebastião Pedro, especialista em melhoramento genético de soja, para avaliar as cultivares que fazem parte dos experimentos. “Foi importante a participação dos produtores, que juntos totalizam mais de 80% dos agricultores dos quase 10 mil hectares de soja cultivados atualmente no estado. Contar com este nível de impacto é significativo para a difusão de novas tecnologias agrícolas para a cadeia produtora de grãos no estado, de modo que os agricultores utilizem as tecnologias que garantam maior produtividade e menor impacto ambiental na produção de grãos”, destacou o analista de transferência de tecnologia, Gustavo Castro, coordenador do 1º Dia-de-Campo da Soja.
A abertura de terras para plantio de grãos em escala comercial tem como um dos protagonistas o produtor Juliano Passos, que migrou do Mato Grosso do Sul para o Amapá há quase quatro anos, atraído pelas características naturais favoráveis. “Aqui temos boa logística, relevo, chuva e bom clima. E com o apoio da pesquisa da Embrapa podemos alcançar um outro patamar de produção de grãos nesse estado”, acrescentou o produtor, que optou por cultivares de soja e de feijão-caupi recomendadas da Embrapa, além de investir também no plantio de milho e arroz. Com cultivos instalados nos quilômetros 18 e 28 da AP-070, município de Macapá (AP), Juliano Passos tem uma expectativa definida com relação ao papel da Embrapa. “Aguardamos novas variedades de soja, adaptadas para nossas condições de solos e clima, e com isso certamente teremos juntos (produtores e pesquisa) um futuro de alta produção no Amapá”, afirmou o produtor.
O pesquisador Sebastião Pedro enfatizou a importância da validação de cultivares de diversos ciclos para o estado do Amapá. “Isso garante que o produtor opte pela cultivar que melhor se encaixe em seu sistema de produção, garantindo a possibilidade do plantio de duas ou três safras agrícolas na janela de chuvas, que vai de dezembro a meados de agosto”, acrescentou o melhorista. Os participantes estiveram também nas áreas consorciadas de grãos e pasto com diversas espécies arbóreas, como o eucalipto, o tachi-branco e a gliricídia, no Sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), que alia os benefícios de cada sistema, garantindo a diversidade de produção e a agregação de valor nos produtos do campo.”A produtividade obtida no cerrado amapaense vêm surpreendendo até mesmo os agricultores mais experientes, vindos da região Centro-Oeste do Brasil”, afirmou Gustavo Castro, ao destacar que a colheita média de áreas de abertura está em torno de 40 sacas de soja por hectare, não sendo difícil encontrar áreas de abertura com talhões produzindo mais de 50 sacas por hectare. “Em áreas já estabilizadas, a produtividade tem ultrapassado as 60 sacas em média, com picos de até 75 sacas de soja por hectare, ou 4.500 kg/ha, muito superiores a média nacional”, contabiliza o analista da Embrapa. O predomínio do Sistema Plantio Direto e o cumprimento às premissas da Agricultura de Baixo Carbono são o diferencial para alcançar estes índices.
Fonte: Portal Agrolink e informações de Assessoria de Imprensa