A poucos dias do início de uma das maiores feiras multissetoriais do Sul do país, produtores catarinenses se preparam para desfilar seus melhores animais que, com a evolução da genética, são responsáveis pelo aumento de 340% da produção leiteira na última década no Estado e coloca Santa Catarina entre os cinco maiores do país.
A partir do dia 7, vacas capazes de produzir até 280 copos de leite por dia estarão circulando pelo Parque de Exposições Tancredo Neves, em Chapecó, para participar da exposição agropecuária da Efapi, uma das maiores feiras multissetoriais do Sul do país.
Durante o evento será possível conferir por que a produção leiteira em Santa Catarina registrou um crescimento de 340% nos últimos 10 anos, passando de 618 milhões de litros por ano fornecidos à indústria para 2,103 bilhões de litros em 2012.
Segundo o Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Instituto Cepa) da Epagri, se considerarmos o total produzido, esse número chega a 2,7 bilhões de litros, o que torna o Estado o quinto maior produtor do país, com 8% da produção brasileira.
– A produção total leva em conta o leite que é consumido na propriedade para alimentação dos bezerros – lembra o analista do Cepa-Epagri, Francisco Heiden.
Os dados de Santa Catarina impressionam também quando levado em conta o cenário nacional. Enquant o país apresentou um crescimento de 4% entre 2011 e 2012, a produção no Estado subiu 17,1%, de acordo com os dados do Instituto Cepa-Epagri. O Oeste sozinho responde por 70% da produção estadual.
Entre os produtores responsáveis pelo sucesso do setor estão Eron Baldissera e Luciano Sarvacinski, de Chapecó, que estarão com seus animais na Epafi. Baldissera, que neste ano pretende levar 30 animais de sua cabanha – a Monte Alegre – para a feira, quer repetir os feitos dos anos anteriores: em 2011 venceu o torneio leiteiro da feira com uma vaca holandesa que produziu 64,2 litros por dia. Em 2012, a produção do animal chegou a 71,9 litros. E, neste Efapi, ele pretende atingir a marca dos 80 litros.
Já Sarvacinski planeja levar 18 animais para a feira, também com o desejo de retornar com mais troféus para a sua cabanha, Luski.
Reconhecimento dos bovinos de SC
Entre exposição, julgamento e torneio leiteiro a Efapi espera cerca de 400 animais, segundo o coordenador do setor de bovinos, Mauro Zandavalli. Para ele, o evento é um dos maiores do Sul do Brasil, ao lado da Exposição de Castro (PR) e Expointer, de Esteio (RS).
– Nós temos quantidade e qualidade – completa Zandavalli. O reconhecimento, no entanto, precisa chegar também ao valor dos animais. Enquanto em Esteio uma vaca e comercializada por R$ 58 mil, em Chapecó o preço dos animais de elite oscila entre R$ 15 mil e R$ 20 mil.
O evento terá dois leilões – um no dia 10, às 20h, e outro do dia 13, às 14h. Além dos reprodutores, estarão à venda 500 animais de gado geral para engorda. Só de bovinos, a Efapi terá 1,1 mil animais.
Genética de alto potencial produtivo
O criador Eron Baldissera aposta na bovinocultura de leite há mais de 15 anos. Somente nos últimos dois anos, ele investiu R$ 2 milhões na modernização das instalações, com equipamentos importados, para produzir leite em grande escala.
Hoje, Baldissera possui 360 vacas em lactação, com produção diária de 7,9 mil litros. Em 2014, a meta é chegar a 13,5 mil litros diários, o que poderá incluir o criador entre os maiores produtores do Estado e os 100 maiores do país.
Para chegar lá, o produtor investe em tecnologia. Ele recolhe óvulos das vacas premiadas em exposições para usar em fertilizações in vitro com sêmens importados, principalmente dos Estados Unidos. Os embriões são implantados em vacas que funcionam como barrigas de aluguel para gerar animais com genética de alto potencial produtivo. A técnica que antes era feita somente em São Paulo agora é feita em Chapecó.
Outro produtor chapecoense que aposta na inovação para aumentar a produtividade leiteira é Luciano Sarvacinski, que possui animais com uma das melhores genéticas na raça holandesa. Para indicar quais dos 144 animais possuem os melhores sêmens para inseminação, ele utiliza um software especializado. Com ajuda da tecnologia, cada uma das vacas de Sarvacinski produzem hoje entre 50 e 60 litros por dia. O dobro de quando iniciou, há 60 anos.
Fonte: Diário Catarinense