Água no contexto da utilização responsável, do uso racional dentro da agroindústria. Este é o tema da palestra de Vilmar Comasseto, servidor da Epagri, de Concórdia, e presidente do Comitê do Rio Jacutinga. O grande consumidor de água é o setor industrial. Com o crescimento da demanda de alimentos e outros bens necessários para melhorar a qualidade de vida, a tendência é de aumento da industrialização e a demanda por água deverá ser cada vez maior. “O crescimento industrial pode gerar problemas referentes à água”, alerta Comasseto.
Essa projeção tem exigido duas providências para a sustentabilidade da agroindústria: investir gestão da água e adotar sistemas de tratamento de efluentes com a perspectiva de reuso da água na agroindústria. “O reuso da água em determinadas atividades vai depender da demanda e oferta, assim como da qualidade exigida, que depende do tipo de atividade da indústria” destaca.
Há uma busca para a gestão cada vez mais eficiente no uso de água. “As grandes agroindústrias, com os programas de gestão da água conseguem reduzir o consumo, aumentar a eficiência e garantir a sustentabilidade hídrica. Essa atitude é mais frequente porque as estiagens têm sido mais comuns e pelo aumento da demanda de água no setor produtivo”, garante.
As agroindústrias que têm adotado um sistema de gestão o fizeram por considerar a água um insumo estratégico na produção de alimentos. As fontes de captação geralmente são de águas superficiais, seguidas de água subterrânea. “Quanto ao manejo de efluentes, as unidades mantêm ETEs (estações de tratamento de efluentes) para que a água possa ser devolvida ao ambiente num nível de qualidade que atenda os padrões legais”, ressalta Comasseto.
A Epagri tem orientado as agroindústrias para o reaproveitamento da água para fins menos nobres, mas em busca de eficiência no seu uso e na qualificação dos sistemas de tratamento de efluentes. As agroindústrias têm adotado sistemas de gestão da água, por ser um insumo estratégico, além da implantação de ETEs e reaproveitamento de parte dessa água residual. “As nossas agroindústrias precisariam aperfeiçoar os sistemas de gestão ambiental programas de conservação e reuso da água. Para tanto, as ETEs têm que ser cada vez mais eficientes”, enfatiza.
Qualidade está comprometida
A atuação da agroindústria é marcante em Santa Catarina, mas, em consequência, há grande produção de dejetos e resíduos que precisam ter um destino ecologicamente correto. “Em 1995, existiam 16.156 suinocultores no Estado, hoje a estimativa é de 11 mil. Apesar da redução no número, a produção de suínos e de dejetos é crescente. Devido a essa concentração da produção de animais em um número menos de propriedades, a capacidade de suporte das terras da região já está no limite e isso tem comprometido a qualidade da água em nossa região, agravando os problemas de abastecimento, principalmente no meio rural”, relata Vilmar Comasseto.
“De modo geral, estima-se que cada suíno produz cerca de 0,27 metros cúbicos de dejetos por mês. De acordo com dados da Epagri/Ciram de 2000, a cada dez litros de água consumidos pelos suínos sob confinamento, são gerados seis litros de dejetos e fezes, urina, água desperdiçada nos bebedouros e higienização, além de resíduos de ração”, explica. Estima-se que Santa Catarina tenha 8,5 mil criadores e cerca de 8 milhões de cabeças por ano. Esse é o total do abate inspecionado de suínos nas agroindústrias catarinenses.
Fonte: Diário Catarinense