Ainda que a demanda por lácteos no Brasil venha crescendo num ritmo mais modesto por conta da esfriada na economia e da inflação, o segmento no país continua atrativo para investimentos de players estrangeiros ou mesmo daqueles que já operam no mercado brasileiro, na avaliação do holandês Rabobank. “A demanda vem crescendo em ritmo menor do que em anos anteriores, quando programas do governo ajudaram a elevar o consumo de lácteos. Agora, a capacidade de crescimento é limitada”, afirmou em entrevista ao Jornal Valor, Andres Padilla, analista sênior do Rabobank Brasil e responsável pelo estudo setorial “Destravando o potencial de mercado de lácteos do Brasil”.
Mesmo assim, diz ele, “o Brasil é um mercado que tem massa crítica para crescer, principalmente em queijos e iogurtes”. O consumo per capita de lácteos em 2012 foi de 170 litros equivalente-leite – a Agência para Agricultura e Alimentos (FAO) da ONU recomenda 220, observa o analista. O volume também está longe do nível de países desenvolvidos. A quantidade ainda é baixa, mas cresceu muito em relação ao consumo de dez anos antes, quando era de apenas 114 litros per capita. Independentemente do fator safra, ele considera que a oferta nacional tem espaço para crescer, principalmente na região Sul, responsável por 33% da produção total de leite do Brasil.
As razões para o otimismo com a região são o clima favorável à atividade, com chuvas no inverno e a disponibilidade de pastagens de inverno para a alimentação dos animais de leite. Há outro diferencial em relação a outras regiões, afirma Padilla: no Sul, os produtores são mais organizados e investem mais em tecnologia. A estimativa do Rabobank é de que a produção brasileira de leite alcance 33,1 bilhões de litros este ano, 2,5% acima de 2012, quando somou 32,3 bilhões.
“O perfil do produtor está mudando, ele ficou maior do que era anos atrás, há especialização”, afirma o analista. Essa especialização significa ganho de produtividade, de acordo o estudo do Rabobank, principalmente em regiões como o Sul do país e em Goiás, onde há clusters de produção de lácteos.
Fonte: Jornal Valor