Foto: ASCOM/CIDASC

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A incorporação de novas tecnologias e avanços tem possibilitado a pecuária de leite, a obtenção de altas produtividades também em áreas menores. É impossível estabelecer para o país, como um todo, um único padrão, ou diversidade propicia e justifica a presença de diferentes sistemas de produção.

Neste sentido, as forrageiras representam uma forma interessante do ponto de vista econômico e de manejo para se produzir leite. Os animais colhem seu próprio alimento, reduzindo os custos com maquinário e mão de obra, levando a uma relação custo/benefício bastante favorável ao produtor de leite.

Para se obter uma vaca leiteira bem alimentada durante todo o ano, devemos ter conhecimento da implantação de alternativas de forrageamento ao longo do ano. Estes sistemas intensivos em pastagens requerem a aplicação de técnicas adequadas de manejo de pastagens, visando a otimização tanto da produção e da colheita, quanto a utilização dessa forragem pelo animal (Camargo, 2005).

Observa-se que o fornecimento exclusivo de pastagens tropicais não atende as exigências nutricionais de vacas leiteiras com produção diária superior a 10 a 14kg de leite (Santos et al., 2003). Segundo Maraschin (1991), as pastagens de clima temperado podem produzir de 12 a 15kg de leite/vaca/dia, enquanto que as pastagens tropicais podem produzir de 8 a 10kg de leite/vaca/dia.

As forragens tropicais concentram 80% de sua produção na estação chuvosa e quente, sendo que ocorre uma queda de produção na estação seca ou fria do ano.

As pastagens tropicais produzem adequadamente por 180 a 200 dias, enquanto que para o restante do ano, o produtor deve buscar alternativas para suprir oferta de alimento para o rebanho. As forrageiras temperadas permitem uma associação muito interessante, por que o período de crescimento favorável ocorre em períodos distintos do ano. As gramíneas e ou as leguminosas forrageiras em rotação com culturas anuais, oferecem vantagens como a melhoria das condições físico – químicas do solo, o aumento na reciclagem de nutrientes, incremento da microflora e microfauna, e a quebra no ciclo de pragas e microorganismos patogênicos (Garcia et al., 2004).

No caso da consorciação de gramíneas/leguminosas, pode se colocar como pontos positivos uma maior quantidade de Matéria Seca (MS), maior quantidade de Proteína Bruta (PB) por área, maior período de utilização, maior qualidade de forragem produzida, melhor distribuição estacional e uma fixação de nitrogênio por parte das leguminosas.

Existem diversas opções de forrageiras temperadas para uso como: azevém  (Lolium multiflorum L. ), trevo branco (Trifolium repens L. ), trevo vesiculoso (Trifolium corniculatus L.), aveias (avena sp), representando uma alternativa de rotação de culturas para este período crítico do ano.

A escolha do material genético a ser utilizado é uma decisão de fundamental importância em decorrência da variabilidade existente entre as espécies e entre os genótipos de uma mesma espécie. As informações científicas sobre o comportamento de novas espécies ou genótipos e sua adaptação regional é fundamental, considerando as diferenças edafo – climáticas existentes (SCHEFFER – BASSO et al., 2004).

Portanto o benefício de um ou outro tipo de pastagem dependerá das condições climáticas da região e, dos tipos de solos disponíveis.

Considerações finais

A deficiência nas reservas de alimentos em algumas propriedades, faz com que alguns produtores antecipem a hora de iniciar o uso das pastagens. Com isso, a oferta de alimentos aos animais diminui, prejudicando o estágio de enraizamento das plantas e comprometendo desta forma sua produtividade futura.

O produtor deve ter ainda uma preocupação com o tempo de uso das pastagens e a utilização da área por animal. Este cálculo deve ser feito em função do número, necessidades nutricionais e categoria de animais.

Uma atenção especial deve ser dada a área de resteva, que deve ser de 7 a 8 cm, pois sendo esta muito baixa o rebrote será prejudicado. Indiscutivelmente, maximizar o consumo de forragem de animais em pastejo é um desafio muito grande, visto que atingindo o potencial máximo de produção de leite exclusivo em pastagem, a suplementação com concentrado torna-se então ferramenta fundamental quando se objetiva aumentar a produção de leite por vaca, com impacto positivo também na lotação dos pastos e consequentemente na produção de leite por área.

Fonte: Rafael Burin para Revista ACCB – edição 2/2014