As marcas Costa Sul Pescados e Bistek estão vendendo espécies de peixe como se fossem bacalhau, segundo o DNA do Peixe. O teste foi realizado pelo Procon de Florianópolis em parceria com o Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis e a Secretaria Municipal de Segurança e Defesa do Cidadão.
A análise da sequência genética de 30 pescados que se denominavam bacalhau (ou “tipo bacalhau”) comercializados na Capital no período que antecede a Páscoa, quando o consumo é maior, escancarou a propaganda enganosa nas duas empresas.
Os reprovados são os pescados comercializados como “Bacalhau Salgado Desfiado“, da rede Bistek, e “Filé de peixe congelado – bacalhau“, da marca Costa Sul. Os testes de DNA feitos em laboratório mostram que o primeiro, cujo rótulo traz o nome científico “Gadus morhua – autêntico bacalhau” pertence, na verdade, à espécie Molva molva (Ling), que é parecida, mas não é bacalhau.
Já o segundo, que sequer cumpria a exigência de indicar o nome científico do pescado na embalagem, pertence à espécie Pollachius virens (Saithe). As duas tipagens e aBrosmius bromse (Zarbo) podem ser aceitas como “tipo bacalhau”, mas precisam estar especificadas na embalagem.
Os órgãos responsáveis estão encaminhando laudos e notificando os estabelecimentos, que têm 10 dias para apresentar a defesa. As multas variam entre R$ 400 e R$ 6 milhões.
Trata-se de infração à legislação sanitária e ao Código de Defesa do Consumidor, conforme explica o diretor do Procon na Capital, Gabriel Meurer:
— No momento da compra, o consumidor é iludido de que está adquirindo um peixe de maior qualidade e valor comercial, mas na realidade está comprando um pescado que não poderia sequer ser chamado de bacalhau — pontua.
A defesa das empresas
Em nota, a Costa Sul Pescados repudiou o resultado do teste e disse que irá tomar todas as medidas necessárias para esclarecimento:
“Todos os produtos passam por rigorosos testes de qualidade e identidade, cumprindo rigorosamente com a legislação. Em nenhum momento lhe foi conferido o crivo do contraditório, restando, portanto, sonegado seu direito de insurgir-se com relação eventual coleta, exame e resultado, prejudicando, inclusive, uma manifestação esclarecedora”, destacou a empresa, que tem sede em Navegantes, no litoral Norte do Estado.
A marca Bistek foi procurada durante toda a quinta-feira, 26 e foi comunicada, mas não havia repassado nenhum posicionamento até o fim do dia.
Como identificar o verdadeiro bacalhau
Como existem cinco tipos de peixes salgados secos no Brasil — alguns, inclusive, vendidos como peixes “tipo bacalhau” — é importante saber identificar o verdadeiro bacalhau: Gados morhua (Cod) . Algumas espécies, como a Gadus macrocephalus, têm aspecto muito parecido. Veja algumas características do autêntico bacalhau:
Formato: largo e permite corte em lombos
Rabo: deve ser quase reto ou ligeiramente curvado para dentro e de colaração uniforme
Cor: palha
Pele: se solta com facilidade
“Os estabelecimentos que manipulam pescado devem desenvolver autocontroles relativos ao combate à fraude dos produtos, incluindo o controle de glaciamento (camada extra de gelo aplicada ao produto para melhor conservação) e identificação das espécies (garantindo que a nomenclatura no rótulo seja condizente com o pescado embalado). Através da fiscalização o médico veterinário da CIDASC irá conferir se a empresa executa de maneira eficiente os autocontroles propostos, garantindo assim a proteção aos consumidores,” esclarece Alexandra Reali Olmos – Médica Veterinária – CRMV/SC 3605 – Serviço de Inspeção Estadual/Cidasc .
Fonte: Hora de Santa Catarina