A paixão pelo meio rural despertada desde criança, incentivou o empresário de 23 anos Diego Soares da comunidade Campestre, do município de Vidal Ramos, a participar do Programa Empreendedor Rural (PER), desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc).
Para Diego, com tantos desafios enfrentados cotidianamente, participar do PER foi o caminho certo a seguir em busca de melhores resultados. “Não podemos ficar parados no tempo e reproduzir apenas o que nossos avós e pais faziam. Temos que modernizar a propriedade e especializar as técnicas para que as atividades fluam melhor”, explica.
A propriedade tem uma área total de 50 hectares, divididos em 10 hectares em mata nativa, dois hectares em reflorestamento de eucalipto, 13 hectares em pastagens e 25 hectares de lavoura de milho e cebola.
Diego mora com o irmão Jair há 13 anos, desde que seus pais faleceram, e é responsável junto com a sobrinha Alexandra da atividade leiteira da propriedade, sendo que toda produção é entregue a Cooperativa Cravil. Os trabalhos são realizados por quatro pessoas da família: o irmão Jair, a cunhada Divani, Diego e a sobrinha Alexandra.
Durante o PER, Diego desenvolveu o projeto de melhoria na produção de leite, pois trabalham com animais da raça Jersey devido a fácil adaptação na região, pela docilidade e admiração à raça. A meta era ampliar o lugar de trabalho, pois o rebanho estava aumentando. Foi construído um novo galpão para facilitar as atividades e proporcionar bem-estar aos animais. Em 2011, a família trabalhava com 15 animais em produção. Atualmente, está com 38 e uma produção média de 16,7 litros/dia, com um número de 29 novilhas para reposição. “Nosso objetivo era chegar a 30 animais em lactação, contudo hoje a intenção é chegar a 50 animais em lactação e ter um número de cinco animais para reposição anualmente”, complementa.
Diego relata que quando iniciou o PER a família trabalhava com ordenha mecânica balde ao pé, para duas vacas por vez. Após a conclusão do programa e com o início da execução do projeto, foi construído o galpão e adaptado para atividade leiteira. “Fizemos investimento para compra de ordenha canalizada e conteções de ferro galvanizado para os animais na hora da ordenha para oito animais”, explica.
O novo galpão tinha capacidade para 42 animais e, dois anos depois, teve que ser ampliado para atender 70. A intenção da família é trocar o resfriador de leite de 1.000 litros por um de 2.000 litros, a bomba de ordenha por uma maior e ampliar a sala de ordenha para 16 animais. “Nós agricultores não podemos trabalhar apenas com a força, precisamos recorrer ao planejamento e as técnicas. Isso ficou muito claro no PER, principalmente, de saber olhar para frente, com alegria e em busca de mais conhecimento”, comenta.
O que mais chamou a atenção do empresário rural no PER foi a simplicidade dos participantes e a vontade de obter conhecimento. Também passou a vislumbrar a propriedade como empresa, aprendeu a dar o devido valor, a colocar as ideias no papel, analisá-las antes de por em prática, manter um diálogo com os parceiros e de tomar as decisões em conjunto com a família.
“O PER foi fundamental em minha vida, pois me ajudou a tomar a decisão certa para continuar na propriedade e fazer a atividade leiteira dar resultado. Antes do programa eu não via a propriedade como uma empresa rural e aos poucos fui percebendo que cada nova ação passava a ser vista de uma maneira diferente tanto na parte administrativa quanto de organização ou estrutura. Aprendi a olhá-la de fora para dentro”, relata.
A orientação do empresário rural é de aproveitar as oportunidades e participar do PER. “Agarre com as duas mãos, pois o programa amplia muito a visão sobre a propriedade e a atividade realizada, faz você amar sua profissão e refletir sobre as decisões a serem tomadas”, finaliza.
PROGRAMA
O programa visa desenvolver habilidades empreendedoras e preparar líderes para ações sociais, políticas e econômicas sustentáveis no agronegócio. O superintendente do Senar/SC, Gilmar Antônio Zanluchi, enfatiza que o PER visa estimular o empreendedorismo em homens e mulheres do campo, incentivar o debate e a formação de lideranças, ensinar a calcular custos do processo produtivo e a elaborar projetos para que os alunos passem a administrar suas propriedades com eficiência, como empresas rurais.
O programa tem como objetivo dotar o agronegócio de empreendedores qualificados e líderes comprometidos com o desenvolvimento socioeconômico do meio rural; aumentar o poder político, econômico e social dos agricultores; ampliar a qualidade de vida da população do meio rural; contribuir para o desenvolvimento de um sistema de educação voltado para o meio rural e auxiliar para o aumento da renda líquida dos produtores.
Para obter essa qualificação de alto nível é necessário ter 18 anos, primeiro grau completo, ser produtor rural ou pertencer à família do campo e estar disposto a desenvolver um espírito empreendedor.
Fonte: Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc)