Emagrecimento progressivo e acelerado, aliado a sinais como apatia, anorexia e icterícia levam à morte em menos de oito dias cerca de 50% dos animais acometidos. Os demais 50% sobreviventes evoluem, na maioria das vezes, para o definhamento sem maiores chances de recuperação. Esse é o cenário das granjas acometidas pela Circovirose Suína, uma doença infectocontagiosa que pode se manifestar de diversas formas. A doença pode ser reconhecida também como Síndrome da Refugagem, pois os animais acometidos apresentam nítida diferença de tamanho e peso, quando sobrevivem.

Foto: Julia Jaques

Foto: Julia Jaques

A circovirose suína é causada pelo circovírus suíno tipo 2 (PCV2), podendo se manifestar de diversas formas, com problemas respiratórios, reprodutivos e a mais importante delas a Síndrome Multissistêmica do Definhamento Suíno. Dentre os principais prejuízos estão o alto índice de refugagem, alta morbidade em leitões na fase de creche, queda na produção e alta taxa de mortalidade (aumento de três vezes na taxa normal do plantel, podendo chegar a até 60% do rebanho). A Síndrome Multissistêmica do Definhamento Suíno afeta usualmente os leitões entre 5 a 12 semanas de idade.

Dentro da família Circoviridae, existem dois tipos de Circovírus: o tipo 1 e o tipo 2, mas até o momento o tipo 1 ainda não foi associado à enfermidade suína, afetando apenas células de cultivo de rim, enquanto o circovírus suíno tipo 2 (PCV-2) é o responsável pela doença suína, sendo altamente contagioso e muito resistente aos desinfetantes comuns, levando a prejuízos econômicos em diversas partes do mundo. No Brasil, a doença foi identificada pela primeira vez em 2000 e a partir de então, novos casos foram surgindo, cada vez com mais frequência.

Trata-se de uma enfermidade que já está bem difundida na suinocultura, acometendo tanto as unidades produtoras de leitões, creches, como rebanhos de ciclo completo. Acredita-se ser uma doença com predisposição genética, onde a raça Pietran é considerada a mais resistente e a raça Landrace, a mais suscetível.

A transmissão pode ocorrer tanto por via horizontal, como vertical, mas sendo a via oro nasal a mais comum, acometendo principalmente leitões entre 5 a 12 semanas de idade, com morbidade variando até 80% e taxas de mortalidade aumentando em cerca de três vezes na creche e crescimento-terminação.

Como se trata de uma doença que não possui um tratamento específico, toda a atenção acerca da enfermidade deve ser dada à prevenção pela imunoprofilaxia (vacinação) e controle sanitário que se tornam pontos primordiais para qualquer produtor.

Prevenção

A prevenção dessa doença se dá principalmente com o uso de vacinas e eliminação ou controle dos fatores de risco. Um bom controle pode ser feito seguindo os 20 pontos de Madec, o que melhora a biossegurança e sanidade da granja. Dentre os principais pontos destacados por Madec, o sistema “todos dentro, todos fora”, a melhora na qualidade de ar, ventilação adequada, não misturar animais doentes com animais saudáveis e controle de temperatura são fatores essenciais.

Até o ano de 2007, apenas vacinas tidas como “autógenas”, ou seja, fabricadas com o tecido dos suínos infectados, estavam disponíveis para controle da Circovirose. Porém, com o risco biológico envolvido nesse processo, essas vacinas foram substituídas por vacinas comerciais, que têm reduzido de forma eficiente o nível de animais infectados e prejuízos econômicos.

Com relação à vacinação, sabe-se que os animais devem ser vacinados antes do desafio ao agente. Nesse caso, recomenda-se a vacinação das fêmeas que irão transferir a imunidade passiva pelo colostro, e a vacinação de leitões preferencialmente com produtos que utilizem uma única dose. Assim a proteção é garantida mais precocemente, antes do desafio.

Fonte: O Presente Rural.