Foi aprovado na sessão ordinária desta terça-feira, o Projeto de Lei (PL) 564/2015, de autoria do deputado Manoel Mota, que estabelece que as empresas produtoras de mandioca no estado poderão denominar como polvilho azedo apenas o amido resultante de processo de fermentação natural e secagem ao sol. Este é o processo tradicionalmente utilizado pelas empresas da região.
Para o parlamentar, a aprovação da matéria foi uma conquista para o estado, em especial para a região sul. “Sabemos que muitos produtores têm como principal fonte de renda a mandioca e seus derivados, como o polvilho azedo e a normativa estabelecida através da lei é fundamental para manter o agricultor no campo”, acredita Mota.
Ele completa ainda que a maior preocupação é que o amido da mandioca obtido pelas grandes indústrias pode levar ao desaparecimento das pequenas empresas que produzem o polvilho azedo verdadeiro, com o processo natural que leva em torno de 90 dias para ficar pronto. “Não podemos aceitar isso, principalmente porque gera o desemprego e afeta a produção de polvilho azedo verdadeiro”, declara.
A sessão foi acompanhada por produtores de polvilho azedo do extremo sul e a aprovação em primeiro e segundo turno foi comemorada por eles. Um dos produtores que viajou a Florianópolis é Gilvan Simão de Carvalho, do município de Sombrio. Ele confirma que o polvilho original, produzido há décadas na região, da moagem da mandioca até a secagem no sol, leva em média 90 dias para ficar pronto.
Enquanto o produto que está chegando ao mercado catarinense vindo principalmente do Paraná, não ultrapassa seis horas. “Eles usam o processo químico, não é natural como o nosso. Então eles produzem mais, colocam mais no mercado e vendem mais barato, fazendo uma concorrência desleal”, critica Gilvan.
Mesmo assim, o consumidor logo percebe a diferença e costuma adquirir os dois tipos, misturando o polvilho tradicional ao químico para que a diferença na qualidade não seja tão grande. Gilvan estima que somente na região sul catarinense saiam aproximadamente quatro mil toneladas de polvilho para comercialização.
A luta dos polvilheiros foi apoiada também por todos os prefeitos da região, alguns deles chegaram a ir a capital acompanhar a sessão de votação do projeto de lei. A inciativa recebeu a contribuição na elaboração do projeto dos técnicos da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina – Cidasc, Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – Epagri, professores de universidades federais e dos polvilheiros do estado.
Fonte: Correio do Sul.