Maria Salete de Lourenzi, Marlise Voigt Dalke e Varlene Teresinha Bastos Bleichvel são agricultoras familiares da Comunidade Pouso da Caixa, área rural de Trombudo Central, no Alto Vale do Itajaí, que se uniram e realizaram um sonho: tornaram-se sócias proprietárias da Indústria de Panificados “Aroma Rural”. O empreendimento – uma idéia antiga de Varlene e Marlise – produz cerca de 1.500 quilogramas de biscoitos. A indústria fatura mensalmente em torno de R$ 20 mil, graças ao apoio da equipe regional da Epagri e aos investimentos em máquinas e equipamentos adquiridos com recursos do Programa SC Rural (R$ 10.649,00), além de contrapartida delas no mesmo valor, num total de R$ 21.298,00. O apoio à indústria de panificados integra Projeto Estruturante da Cooper Taió que envolve outros oito empreendimentos de associados. Na região o Programa SC Rural é responsável por um investimento total de R$6.625.122,00, dos quais R$3.904.782,00 provenientes de contrapartidas dos beneficiários e R$2.720.340,00 destinados pelo Programa, como recursos não reembolsáveis.
“Essa ajuda do SC Rural foi tudo”
Salete conta o começo da indústria, antes do projeto: ”Trabalhamos juntas um ano e meio ou dois anos dentro da minha casa, com forno elétrico e maquininha de tocar a mão, vendendo para os vizinhos e na escola. Financiamos a compra de uma máquina amassadeira e de um forno. E quando nos sentíamos perdidas, nós corríamos na Léo (Leonir Claudino Lanznaster, Extensionista Rural da Epagri)…Se não fosse ela, nós tínhamos parado no meio do caminho. A verdade tem que ser dita: Ela mostrou o caminho para a gente, ela e a Epagri”. E o caminho foi o Projeto estruturante da Cooper Taió junto ao SC Rural, lembra Salete: ”O SC nos deu o forno maior,turbo, a geladeira e a balança. De contrapartida colocamos as mesas, a fatiadeira, o esqueleto, as caixas, as bacias e reformamos essa peça de 25 metros quadrados para ficar de acordo com as normas sanitárias”. Varlene frisa que quando começaram a produzir bolachas, antes das máquinas, “fazíamos uns cinco ou seis quilos por dia; hoje se precisar nós fazemos duzentos quilos, mesmo que tenhamos que trabalhar de noite. Essa ajuda do SC Rural foi tudo, nós não iríamos conseguir comprar os equipamentos e estaríamos sem o forno turbo”, garante. E acrescenta: “Foi um sonho! Eu sempre convidava a Salete e a Marlise: Temos que fazer umas bolachas e vender, para ver se escapamos da roça e principalmente da lavoura de fumo (risos); a roça é muito pesado, não é fácil”. Marlise destaca: “Eu sempre pensei, meu marido cuida das vacas de leite e eu das bolachas. E assim está sendo…nem vi mais o fumo, está sendo excelente, muito bom mesmo”. O otimismo de Marlise também mostra a visão empreendedora do trio: ”Estamos muito felizes por termos chegado onde chegamos, e queremos continuar, ir mais longe”, avisa.
Três guerreiras que começaram do zero
Para a Extensionista Leonir o empreendimento das três agricultoras começou de um antigo desejo delas, ainda no Microbacias 2 (programa que antecedeu o SC Rural):”Elas tinham vontade de ter uma cozinha funcional. Mas isso foi ficando para trás porque a decisão da diretoria da cooperativa era sempre mais para maquinários e área técnica. Eu estive fora do município e quando voltei a trabalhar aqui nós fizemos um trabalho de visitação, fomos à Flus Hauss, em São Martinho, e elas fizeram um curso técnico sobre docinhos. Elas já estavam animadas mas o curso da Epagri foi um ponto de partida e de motivação para elas retomar a idéia da indústria e produzir os doces. Começaram na cozinha da Dona Salete, foram vendendo para ver a aceitação do produto, daí resolveram arrumar esse espaço para não trabalhar dentro da casa. Foi um trabalho bem de formiguinha no começo. Mas a vontade e a persistência que elas têm de trabalhar e ir para frente, de ter uma qualidade de vida melhor é grande. A gente sabe que a atividade do fumo é bem danosa para a saúde, e isso também motivou-as a não desistir quando surgem as dificuldades. Hoje eu vejo que elas estão mais felizes porque é uma questão de autonomia financeira e auto-estima melhora muito. E a questão econômica – elas geram um recurso que elas administram. Elas ganham em auto-estima, ganham na questão da socialização, que desenvolve nelas outras potencialidades como comprar, vender, negociar, a liderança, a comunicação… Para mim essas três mulheres são guerreiras pela coragem de começar do zero e enfrentar uma atividade nova. E também pela determinação e pelo tanto que elas trabalham, pois elas conciliam a unidade de bolachas e mais a atividade da agropecuária. Não é fácil ter duas atividades paralelas na propriedade. A Dona Salete ainda fica na casa, mas a Marlise e a Varlene saem de casa e vem pra cá. E elas têm o compromisso de tirar leite de manhã e de noite. No caso da Varlene tem o fumo e a família para dar atenção e cuidar. Isso é muita força de vontade, determinação e amor a aquilo que fazem”.
Mais de R$ 6,6 milhões em investimentos
Na região do Alo Vale do Itajaí recursos do SC Rural apoiaram a implantação de 16 projetos estruturantes e beneficiaram 366 agricultores familiares dos municípios de : Salete, José Boiteux, Vitor Meireles, Dona Emma, Agrolândia, Trombudo Central, Taió, Witmarsum, Ibirama,Mirim Doce e Aurora. No total estão sendo investidos R$ 6.625.122,00, dos quais R$ 2.720.340,00 foram destinados pelo SC Rural, sem necessidade de reembolso. As atividades apoiadas nos empreendimentos abrangem a produção de leite, apicultura, piscicultura, fruticultura citrus, agroturismo, hidroponia, aipim descascado e congelado, panificação, produção de bolachas, massas congeladas e um secador de grãos para a Cooperativa Volta Pinho, no município de Mirim Doce.
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