As atividades agrícola e pecuária, assim como a indústria de transformação de seus produtos, geram grandes quantidades de resíduos orgânicos, incluindo folhas, palhas, cascas, bagaços, tortas, camas e estercos, entre outros. Todos esses resíduos, se não forem devidamente tratados, podem causar poluição no solo e nos rios.
No entanto, uma das melhores formas de tratamento de resíduos é seu uso no solo, como fertilizante de culturas, transformando um problema ambiental em insumo agropecuário barato e permitindo a reciclagem de nutrientes, quando são observadas algumas regras técnicas.
Para fazer a fertilização correta de qualquer cultura, o primeiro passo é conhecer a sua necessidade de nutrientes e quanto tem de nutrientes no solo. A partir disso, verifica-se quanto deve ser fornecido ao solo com o uso de fertilizantes. Para o bom uso de resíduos como fertilizante é essencial conhecer a composição aproximada dos mesmos, o que pode ser feito por análise ou consultando tabelas que já existem em livros ou nos escritórios da assistência técnica.
Ao usar fertilizantes orgânicos, deve-se levar em conta que eles demoram mais para fazer efeito e talvez seja necessário, nas primeiras fertilizações, fazer um complemento com fertilizantes mais solúveis, que agem mais rapidamente. Para diminuir esse atraso, pode-se utilizar os resíduos compostados, que podem disponibilizar os nutrientes mais rapidamente. Depois de algum tempo usando os fertilizantes orgânicos, a entrada e a saída dos nutrientes no solo fica em equilíbrio, e pode-se deixar de depender dos fertilizantes químicos, desde que respeitadas as necessidades das culturas.
A decisão pelo uso de um resíduo vai depender da sua concentração em nutrientes, da distância entre a fonte e o local de uso, de seu preço, caso seja comprado de terceiros, etc. Alguns resíduos são mais complicados de transportar, principalmente quando estão na forma aquosa, como é o caso de vinhoto, manipueira, chorume, etc, pois sua concentração é muito baixa e gasta-se muito para transportar apenas água. Nesses casos, não vale à pena transportar para muito longe.
Além dos nutrientes, o uso de resíduos ricos em matéria orgânica pode trazer outros benefícios, como tornar o solo mais macio, quando ele é muito argiloso, ou dar mais resistência, quando o solo é muito arenoso. Um outro grande benefício é aumentar a retenção de água, o que é muito bom para os solos arenosos.
A Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS) desenvolve trabalhos de pesquisa com alguns resíduos disponíveis na região, visando obter doses ótimas a serem utilizadas em algumas culturas de interesse, como mandioca, milho, soja e cana-de-açúcar. Esses dados são repassados à assistência técnica, que pode ajudar no planejamento do uso de resíduos.
Artigo escrito por Walder Antonio Gomes de Albuquerque Nunes, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS).
Fonte: Portal do Agronegócio.