Desde 1994, Clésio Brati trabalha com produtos hidropônicos. Na sua propriedade, de 2 mil metros quadrados, ele cultiva alface, radiche, rúcula, cebolinha e salsinha. A técnica de produção usada nas nove estufas, cada uma com três bancadas, economiza 30% de água em relação ao cultivo convencional e, com isso, a redução do uso de agrotóxico chega perto de 90%, diminuindo o comprometimento do solo e dos recursos hídricos. A postura do produtor lageano, de assumir responsabilidade social e ambiental, vem ao encontro com uma preocupação dos parlamentares catarinenses. O reuso da água e a redução do uso de agrotóxico foi tema de discussão em uma das sessões na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina – Alesc.
“O sistema hidropônico é uma cultura altamente tecnificada, que tem como objetivo produzir com qualidade respeitando o meio ambiente, o homem e ainda agrega valor”, explica ele que é engenheiro agrônomo e inventou um sistema de irrigação por gotejamento, que reaproveita a água e reduz a dosagem de agrotóxico. A produção de cinco mil unidades mensais de vegetais abastecem sete supermercados de Lages, três vezes por semana.
Redução de impactos
O Gestor do Departamento Regional de Lages da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina – Cidasc, Yuri Ramos, defende que todas as discussões são relevantes, seja a reutilização da água como medida de preservação ou redução do uso de agrotóxicos como medida de diminuição de seus impactos na saúde pública e no meio ambiente. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação – FAO, o planeta terá nove bilhões de habitantes no ano de 2050. Para alimentar essa população, a produção de alimentos deverá crescer 70% mundialmente e, no Brasil, cerca de 40%. A preocupação com essas crescentes é como produzir alimentos para tanta gente e de forma que se preserve o meio ambiente, com fornecimento de alimento seguro à população.
Os agrotóxicos são ferramentas agrícolas importantes, mas não as únicas, para a produção e produtividade dos cultivos agrícolas, entretanto, sua utilização tem se apresentado como a única alternativa dos agricultores no controle de doenças, insetos e espécies de plantas daninhas. “O uso indiscriminado destes produtos tem despertado preocupação por parte de diversos países devido às consequências ambientais e a contaminação dos alimentos”, explica Yuri.
O Gestor vê com preocupação a contaminação dos vegetais. Para ele, mesmo que alguns dos ingredientes ativos estejam classificados como medianamente ou pouco tóxicos (baseado em seus efeitos agudos) não se pode perder de vista os efeitos crônicos que podem ocorrer meses, anos ou até décadas após a exposição. A manifestação pode ocorrer por meio de cânceres, malformações congênitas, distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais. “Danos ambientas, especialmente às abelhas, também têm sido objetos de preocupação”, acrescenta.
“Temos de proteger”, diz o presidente da Alesc
O Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, Silvio Dreveck, ressalta que o mundo todo, precisa economizar e reaproveitar a água. Falou das tecnologias avançadas que permitem o reaproveitamento da água, inclusive, no esgotamento sanitário e nas redes de esgoto que são coletadas nas cidades e transportadas para as estações de tratamento. “Dependendo do processo que for feito, ela retorna ao seu curso normal com 99% de pureza. E, assim, acontece com os rios e as nascentes. Temos que proteger”, disse Dreveck.
Com relação aos agrotóxicos, Dreveck comentou que há alterações e hoje estão menos agressivos à própria agricultura e ao consumidor. “Isso por um lado é bom, porque quanto menos agrotóxicos, menos doença pode se causar ao ser humano”, sustenta, ao destacar que por outro lado, que ao não se utilizar nenhum agrotóxico, não se produz mais alimentos porque as pragas têm avançada cada vez mais.
“O importante nessa questão é fazer com que o agrotóxico seja usado dentro dos limites permitidos e não abusivos e que se produza um alimento com mais qualidade, tanto é que a cada ano o Brasil tem produzido, inclusive, mais alimentos orgânicos, sem toxidade”, explica. ”É bom quando alguém debate esses assuntos que vêm em favor da população como um todo”, acrescenta ao se referir ao pronunciamento dos deputados, que ocorreu há alguns dias, na Alesc, sobre o tema
Linhas de atuação
Desde 2010, a Cidasc faz parte do Programa Alimento Sem Risco – PASR. O Programa possui oito linhas de atuação, cada qual com sua própria dinâmica, sendo elas: monitorar resíduos de agrotóxicos; rastrear a produção vegetal com resíduos de agrotóxicos em desconformidade; defender a criação de laboratório público para análise de agroquímicos em Santa Catarina, controlar o receituário agronômico; fiscalizar a cadeia produtiva, proibir o ingresso, em Santa Catarina, de agrotóxicos banidos no país de origem; estimular a pesquisa científica; e educar sobre o uso seguro e correto de agrotóxicos na agricultura.
A contaminação da água por agrotóxicos é acompanhada pelos órgãos responsáveis pela qualidade do produto no Brasil. A Cidasc acompanha os níveis de resíduos de agrotóxicos nos vegetais. Assim como na questão da contaminação da água, a ambiental é de responsabilidade e acompanhada pelos órgãos de fiscalização ambiental, sendo em Santa Catarina responsabilidade da Fundação do Meio Ambiente – Fatma.
Reportagem: Correio Lageano, por Bega Godóy.
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