A falta de chuva já traz prejuízo no campo com perdas de 10% no leite e previsão de queda de 20% na produção de trigo em Santa Catarina. A estimativa faz parte de levantamento preliminar do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri – Epagri/Cepa e da Secretaria Estadual da Agricultura.
– No primeiro semestre, a produção de leite aumentou 8% mas, em julho, houve uma queda de 10% em relação ao volume previsto, em virtude da estiagem – afirma o secretário-adjunto de Agricultura do Estado, Airton Spies.
Em relação ao plantio de trigo, os dados do Cepa/ Epagri já indicam uma queda de 23% na área plantada, que sofreu retração de 69 mil hectares para 53 mil hectares. De acordo com o engenheiro Agrônomo João Rogério Alves, essa redução se deve ao baixo preço na época do plantio, aliado à estiagem. Com isso, os dados de junho já previam uma queda de 24% na produção, que foi de 229 mil toneladas no ano passado, baixando para 175 mil toneladas. Com a seca de julho, a queda de produção pode ser ainda maior.
O gerente comercial da Cooperativa Agroindustrial Alfa, que abrange mais de 80 municípios do Oeste e Planalto Norte, Lourenço Lovatel, estima que a redução na área plantada pode chegar a 30%, com quebra de mais 20% por falta de umidade. O presidente da Companhia Integrada para o Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina – Cidasc, Enori Barbieri, prevê que a quebra será ainda maior.
– Muitos produtores da região de Campos Novos desistiram de plantar, porque o solo está seco e isso deve aumentar a redução de área plantada para próximo de 30%. Isso somado à falta de umidade para o desenvolvimento das lavouras pode levar a uma redução de até 50% na produção – avalia.
O produtor Gilcemir Piaia, de Chapecó, é um dos que já estima as perdas em 30%. Ele plantou 400 hectares. Em 100 hectares, a produção já está praticamente perdida, pois as sementes não germinaram. No restante, a produtividade estimada, será de 30 sacas por hectare, contra 55 do ano passado.
– O trigo já foi plantado há 40 dias, deveria estar com o dobro de tamanho, em novembro vamos saber o tamanho do prejuízo – afirmou o produtor.
Aumento na importação do cereal
Outro produtor de Chapeco, André Foleto, também reclamou que germinou somente entre 60 a 70% das sementes. Ele plantou 90 hectares e já prevê uma quebra de 30 a 40%. Com a previsão de quebra o preço da saca, que estava em R$ 33 na época do plantio, já chegou a R$ 38.
– Há uma previsão de quebra em toda a região Sul e com isso o Brasil terá que importar mais trigo, o que vai impactar nos preços para o consumidor – avalia o gerente comercial da Cooperalfa, Lourenço Lovatel. O Brasil consome 11,5 milhões de toneladas e produz somente metade do que consome, em anos normais. Agora, deve importar do exterior 2/3 do consumo.
No leite não deve haver impacto direto no preço pois agora é o período de maior produção. Além disso a pastagem tem recuperação rápida. Mas outras culturas também estão sendo afetadas, segundo o secretário adjunto Airton Spies.
– Há perdas também na bovinocultura de corte, em virtude das pastagens, no tabaco e na cebola, pois é época de transplantar as mudas, então vai haver atrasos, e também na banana – destaca Spies.
Mesmo assim, o secretário-adjunto afirma que o impacto é bem menor do que se a falta de chuva ocorresse no período de verão.
Fonte: Diário Catarinense.
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