Os atuais modelos de produção de suínos estão cada vez mais intensivos, com um aumento significativo no tamanho dos planteis. Isso favorece o aumento da pressão de infecção e a disseminação de doenças infectocontagiosas, oriundas de agentes emergentes ou reemergentes, sejam eles bacterianos ou virais, que associados a fatores de risco culminam em um quadro de perdas econômicas em função dos prejuízos causados nos principais índices zootécnicos, reprodutivos e sanitários das granjas.

Foto: Departamento Regional da Cidasc de Xanxerê

Em função dessa perda de lucratividade e aumento adicional de despesas relacionadas com as doenças, se faz necessário um amplo esforço para que toda cadeia do agronegócio (produtores, agroindústrias, cooperativas, técnicos, veterinários, governo e organizações) implementem, executem e auditem programas de controle de doenças que sejam práticos e efetivos. Inúmeros são os fatos e as bases científicas que demonstram porque a biosseguridade é ou deveria ser a base de qualquer programa de controle de doenças.

No Brasil, para muitos veterinários a palavra biosseguridade é um neologismo do termo em inglês biosecurity ou do termo em espanhol bioseguridad sendo utilizado como sinônimo de biossegurança. Em 1999, a Organização Mundial de Epizootias (OIE) publicou o Dicionário de Epidemiologia Veterinária, em que não consta a palavra biossegurança, somente biosseguridade sendo esta definida como “um conjunto de medidas que visam proteger uma população de agentes infecciosos transmissíveis”. Biossegurança é frequentemente e erradamente utilizado em substituição a  biosseguridade e embora à primeira vista pareça ter o mesmo significado esses termos tem significados diferentes.

Sobestiansky definiu o programa de biosseguridade com sendo o desenvolvimento e implementação de um conjunto de normas e procedimentos, interdependentes e econômicos, que visam reduzir os riscos de introdução de determinados agentes patogênicos infecciosos no sistema, bem como limitar a expressão dos agentes patogênicos infecciosos já existentes no sistema de produção que causam elevadas perdas econômicas/e ou interferem na obtenção de um produto final seguro do  ponto de vista alimentar.

A biosseguridade em uma unidade de produção de suínos pode ser divida em biosseguridade externa e interna. A biosseguridade externa dever reduzir a introdução de doenças endêmicas e impedir a introdução de doenças exóticas no sistema de produção. A biosseguridade interna deve reduzir a propagação das doenças e reduzir a pressão de infecção dentro do sistema de produção.

Vale salientar que o sistema de produção de suínos é um gerador de Resíduos de Serviços de Saúde – RSS, desta forma, também fica sujeito a legislação vigente que define os Resíduos de Serviços de Saúde – RSS como todos aqueles resultantes de atividades exercidas nos serviços relacionados com à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo que, por suas características, necessitam de processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento prévio à sua destinação final.

O programa de biosseguridade  é composto por diversos elos que formam uma corrente. Muitos destes elos já foram mencionados no quadro sobre biosseguriade externa e interna, mas gostaria de citar alguns destes elos que não foram mencionados: monitoramento sanitários (clínicos, patológicos, laboratoriais e de abate), programas de controle e erradicação de doenças, plano de contingência para doenças emergenciais, educação continuada e avaliação da eficiência das medidas de biosseguridade através de auditorias. O que adianta realizarmos um enorme esforço para implementar, investir e executar um programa de biosseguridade se não tivermos métodos ou plataformas que mensurem os resultados obtidos? Um exemplo de sucesso é o programa de auditoria denominado Biocheck.ugent, desenvolvido pelo departamento de veterinária preventiva da Universidade de Gent, na Bélgica.

Quanto melhor for a biosseguridade no sistema de produção de suínos, menos doenças teremos, consequentemente conseguiremos melhores resultados sanitários, reprodutivos e zootécnicos. A biosseguridade reduz a pressão de infecção do sistema de produção, contribuindo diretamente na diminuição do uso de antimicrobianos sem prejudicar a produtividade. A biosseguridade é o melhor caminho para conseguirmos colocar em prática o uso prudente, sustentável e consciente dos antimicrobianos.

O controle das doenças é a base para a obtenção da saúde animal que é o maior patrimônio do nosso agronegócio. Com muita propriedade, Sobestiansky resumiu em um dos seus livros a estreita relação entre saúde animal e biosseguridade, e a importância de ambas para cadeia de produção. “ Saúde animal sempre foi, é e sempre será uma das principais, senão a principal barreira não tarifaria para embargo das exportações brasileiras ao resto do mundo. Assim sendo, um programa de biosseguridade é, e será cada vez mais, o certificado básico de nossos produtos, tanto para o consumidor interno, cada vez mais exigente, quanto para o mercado de exportação”.

Artigo escrito por André Maurício Buzato, médico veterinário especialista em Sanidade Suína

Fonte: O Presente Rural

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