A suspensão das importações de 20 plantas frigoríficas brasileiras pela União Europeia, anunciada na quinta-feira, 19, causou grande indignação por diversos agentes e entidades envolvidos na cadeia. A Associação Catarinense de Avicultura – ACAV e o Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina – SINDICARNE lançaram uma nota manifestando a insatisfação com a decisão.
Pelo documento, as entidades destacam que a indústria brasileira de carne e, em especial, a indústria catarinense, atingiu nas últimas décadas um elevado nível de segurança e qualidade em sua operação, condição internacionalmente admirada e reconhecida. “Os padrões de biosseguridade, os avanços genéticos e a atenção extrema à sanidade e ao manejo fizeram da nossa produção agropecuária uma das mais seguras de todas as cadeias produtivas, graças ao empenho e profissionalização dos produtores rurais e aos pesados, intensos e contínuos investimentos das agroindústrias”, salientam na nota.
A nota continua afirmando que as indústrias brasileiras e catarinenses de carnes, notadamente as de aves e suínos, adotam o que há de mais avançado em máquinas, equipamentos, processos e recursos tecnológicos, assegurando alimentos cárneos confiáveis e de alta qualidade. “Essas características permitiram à agroindústria brasileira e catarinense exportar carne para mais de 160 países, entre eles, os mais exigentes do planeta em termos de qualidade e sanidade”, asseguram.
A ACAV e SINDICARNE ressaltam ainda que Santa Catarina é o maior exportador de carne de aves do Brasil, mantendo uma vasta, moderno e avançada cadeia produtiva que envolve mais de 60 mil trabalhadores nas agroindústrias e 10 mil produtores rurais no campo, representando um VBP de R$ 6,2 bilhões por ano. “Afiguram-se, portanto, infundadas e inaceitáveis as alegações da Comunidade Europeia segundo as quais as motivações do embargo das indústrias brasileiras seriam de ordem sanitária, especialmente porque o Brasil cumpre rigorosamente as regras estabelecidas pelo Acordo de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da Organização Mundial do Comércio – OMC”, destacam.
Neste cenário, a decisão europeia é claramente protecionista do mercado local, afirmam as entidades. “A própria autoridade sanitária europeia se contradiz ao posicionar que, se o Brasil pagar sobretaxa de 1.024 euros por tonelada e embarcar o produto como carne in natura, as importações seriam retomadas sem problemas”, lembram.
Apoio
A ACAV e o SINDICARNE, na nota, manifestaram também apoio a iniciativa da Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA e do Ministério da Agricultura em pedir a abertura do painel contra a União Europeia na OMC. “Esse será o foro adequado para se questionar os critérios determinados para os embarques de produtos salgados (com apenas 1,2% de sal adicionado), que são obrigados a cumprir critérios de análises para mais de 2,6 mil tipos de Salmonella – as quais não são nocivas à saúde humana – enquanto para o produto estritamente in natura (sem sal adicionado) são exigidos apenas análises para dois tipos de Salmonella”, dizem.
As entidades alertam ainda, em nota, que, se a União Europeia não revogar a equivocada decisão desta semana, será inevitável a redução do tamanho da cadeia produtiva, com demissões massivas, desativação de plantas e granjas e drástica redução da produção, prejudicando produtores integrados, transportadores e milhares de agentes econômicos vinculados à avicultura catarinense.
Fonte: O Presente Rural
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