O estado é referência por seu status sanitário, o que garante que chegue a mercados exigentes como China e Arábia Saudita

Foto: Jamil Correa

Santa Catarina é o estado que mais exporta carne de frango do Brasil e o maior produtor de carne suína no país. E, pelo que indicam os números, sua presença no cenário internacional tende a aumentar.

As exportações catarinenses de ambas as proteínas aumentaram 18,3% somente nos primeiros quatro meses de 2019. Isso significou receita de US$ 794,3 mi. Os dados são do Ministério da Economia e analisados pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa).

Os principais importadores da carne de frango produzida em Santa Catarina são Japão, China e Holanda, mas também é possível encontrar a carne catarinense na Coreia do Sul, Bélgica, Arábia Saudita, Reino Unido e Estados Unidos.

As exportações de carne suína também apresentaram ótimos resultados. Foram exportadas 111 mil toneladas, 22% a mais do que nos primeiros quatro meses do ano passado. Isso gerou receita de US$ 213,8 mi e tem como principais destinos a China, Hong Kong e Chile. Nesses quatro primeiros meses de 2019, China e Hong Kong representaram mais de 52% das exportações catarinenses do produto.

Principal motivo pela qual a carne catarinense é assim bem recebida fora do país é o status sanitário e, por consequência, a qualidade das carnes. Santa Catarina tem reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como Área Livre de Febre Aftosa sem vacinação, que mantém desde 2007, e também o de Zona Livre de Peste Suína Clássica – PSC.

A agroindústria também faz seu papel, cumprindo as normas de sanidade animal (Foto: Eduardo Marques/Fiesc)

Esse patamar de excelência só foi possível graças aos esforços de órgãos públicos, entre eles o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), que normatizam as boas práticas adotadas nas granjas. A agroindústria também fez seu papel, se profissionalizando por meio de profissionais de referência em sanidade animal nos seus times, cumprindo todos os programas de sanidade e adotando tecnologias que auxiliam nesse controle.

A Cidasc também realiza estudos epidemiológicos com o objetivo de criar ou manter zonas livres de enfermidades e controla as demais doenças e síndromes que possam prejudicar a saúde pública. Tudo isso baseado nas diretrizes estabelecidas pela OIE e determinadas pelo Ministério da Agricultura.

Diante da importância econômica, social e até cultural da suinocultura catarinense, a Cidasc leva seus esforços muito a sério, principalmente quando se trata de inspeção. E aqui a Companhia não atua sozinha: com as parcerias entre instituições privadas e poder público é possível inspecionar todos os estabelecimentos do Estado. É o trabalho com prefeituras, por exemplo, que permite a expansão de programas como o Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal – SISBI e o Serviço de Inspeção Estadual – SIE.

Como funciona o trabalho de inspeção de produtos de origem animal

O método de fiscalização da Cidasc é reconhecido pelo constante monitoramento de animais e produtores. A Companhia acompanha bovinos, aves e suínos desde o nascimento dos animais, com a devida supervisão profissional até o abate e a comercialização da carne ao consumidor final.

No caso de bovinos, todos os animais recebem um brinco que permite a identificação e garante a rastreabilidade do rebanho. Suínos e aves também passam por procedimentos de inspeção.

A estrutura das indústrias de produção e abate de animais são constantemente vistoriadas. Até os projetos de construção e instalação de indústrias devem ter aval da Companhia.

Foto: Ascom/Cidasc

A Cidasc também fiscaliza arduamente o transporte de animais para fins comerciais em Santa Catarina. Por exemplo, como é proibido o uso de vacina contra febre aftosa em todo o território catarinense, não é permitida a entrada de bovinos provenientes de outros estados. Já para o trânsito de outros animais, como ovinos, caprinos e suínos, criados fora de Santa Catarina, é necessário que os animais passem por quarentena tanto na origem quanto no destino e que façam testes para a febre aftosa, exceto quando destinados a abatedouros sob inspeção para abate imediato.

Também é obrigatória a documentação da carga, que atesta a saúde dos animais. Um deles é a Guia de Trânsito Animal (GTA), além de outros documentos como certificados de vacinação (quando for o caso), atestados negativos para determinados tipos de doenças, documentos de identificação dos animais destinados à reprodução e autorização do IBAMA, para o caso de animais silvestres. No caso das granjas de reprodutores, quem emite o GTA deve ser um veterinário oficial.

Para garantir a circulação segura de animais e preservar a sanidade agropecuária catarinense, a Cidasc conta com 63 barreiras sanitárias.

São pontos de checagem dos documentos necessários para transportes de animais por Santa Catarina. Essas barreiras são fixas, ficam nas divisas do Estado com o Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina. Além do controle de entrada e saída de animais, fazemos também a checagem de produtos agropecuários em trânsito. Fora essas barreiras também temos as barreiras de volantes, que são fiscalizações espontâneas em locais mais afastados ou remotos. É um trabalho feito com dedicação para garantir a sanidade animal em Santa Catarina – explica Luciane de Cassia Surdi, presidente da Cidasc.

Outra norma instituída no estado para maior segurança com os produtos de origem animal é a obrigatoriedade de um veterinário durante o abate. São feitos exames antes e depois, para certificar que a carne está apta ao consumo. O trabalho nas propriedades rurais também envolve a orientação de produtores e o auxílio dos profissionais da companhia no combate a doenças.

Nos pontos de venda a fiscalização também é constante. Quem se encarrega de analisar condições de embalagem, carimbos de procedência e rotulagem dos produtos de origem animal é a Vigilância Sanitária.

Esses selos são garantias ao consumidor de que o produto está apto para o consumo. Se apresenta a palavra Inspecionado quer dizer que ele passou por todo o processo de vistoria e que não apresenta riscos para a saúde do consumidor. Todos os produtos de origem animal devem ter esse selo, o que varia é apenas a sigla: Se for Serviço de Inspeção Federal, aparece Brasil, Ministério da Agricultura e a sigla S.I.F.; se for Serviço de Inspeção Estadual, aparece Santa Catarina e a sigla S.I.E.; e se for Serviço de Inspeção Municipal, aparece o nome do município e a sigla S.I.M.

Outro órgão que também participa da averiguação e adequação dos processos é o Ministério Público, que, no caso de irregularidades, ordena o recolhimento e descarte de produtos, além da aplicação de multas.

A ação da comunidade e o compromisso do produtor rural com a sanidade animal é fundamental para que o Estado se mantenha livre de zoonoses graves ou de epidemias entre animais de uso comercial. No caso de aves, por exemplo, quando há mortalidade de mais de 10% dos animais de um aviário ou granja é obrigação do avicultor sinalizar a Cidasc. A Companhia tem então 12 horas para se deslocar até o local e notificar o que houve.

Próximos desafios na proteção da sanidade animal

Para os próximos anos, no entanto, o desafio tende a ser maior. Em cerca de dois anos o Paraná também será reconhecido como Área Livre de Febre Aftosa sem vacinação. Isso quer dizer que as fiscalização nas fronteiras com esse estado deverá se intensificar.

Outro desafio é o combate à brucelose e tuberculose em bovinos. Ambas são transmissíveis ao humano no contato com animais doentes e, no caso da brucelose, no consumo do leite cru (sem ter passado pelo processo de pasteurização). Portanto estão entre as prioridades de controle por parte dos órgãos de fiscalização e setor produtivo.

No caso da brucelose, mesmo que não tenha o mesmo impacto que a febre aftosa, por não ser um fator determinante para barrar as exportações catarinenses, é uma zoonose que deve ser combatida e é também um problema para a produção de leite de qualidade. Por isso estamos, juntamente com a Epagri, trabalhando para diminuir a incidência dessa doença entre os rebanhos catarinenses – explica Luciane.

Os bovinos com brucelose e tuberculose são encaminhados para abate sanitário e o produtor que cumpre a legislação é indenizado pelo Fundo Estadual de Sanidade Animal – Fundesa.

A presidente da Cidasc ainda ressalta os esforços em prevenção de epidemias aviárias. Nessa época de primavera, aves migratórias vêm do Hemisfério Norte para o Sul buscando escapar do frio. Nós monitoramos os pontos principais por onde elas passam, que são a foz do Rio Araranguá e do Rio Tijucas, e testamos as aves de subsistência catarinenses para atestar que não houve qualquer transmissão de doenças.

​De fora também vem outros riscos, como a peste suína africana. Tanto na Ásia como em alguns países da Europa a doença já está presente. No Brasil nenhum foco foi encontrado. A recomendação da Cidasc para evitar que a doença chegue aqui é para quem viajar para áreas de risco: não tragam nenhum produto de origem animal. E qualquer mortalidade no rebanho de suínos deve ser notificada imediatamente.

Fonte: NSC Total

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