Com 5.800 pés de pera em um pomar de 2,2 hectares, o fruticultor Valmir Bueno de Oliveira colhe 14 toneladas/hectare de três variedades da fruta por ano em Monte Castelo, Planalto Norte catarinense. Ele, a esposa Lucineide, o pai Waldemiro e o filho Wladimir trocaram o cultivo de tabaco pela fruticultura e transformaram o pomar na principal atividade econômica da família. Além das peras que abastecem o mercado estadual e são o principal cultivo em crescimento na região, eles também produzem pêssegos, uvas e ameixas para comercialização em menor escala.
A família faz parte do grupo de 30 produtores da região que integram a nova turma do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) em Fruticultura do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR/SC), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC). A partir de novembro, os fruticultores receberão assistência técnica dos profissionais especializados do SENAR durante dois anos para melhorarem produtividade, manejo, gestão e comercialização. O objetivo é acompanhar a produção, auxiliar os fruticultores no trabalho de campo e orientá-los no gerenciamento das atividades e na gestão dos negócios.
Ao todo, a ATeG iniciou neste ano o atendimento de seis grupos e 180 fruticultores do Estado nas regiões do Planalto Norte, Sul e Meio Oeste. O trabalho é desenvolvido em parceria com os Sindicatos Rurais de Timbé do Sul, Turvo, Fraiburgo, Videira, Tangará e Itaiópolis. Segundo a coordenadora estadual do programa, Paula Araújo Dias Coimbra Nunes, a metodologia dá suporte e direcionamento técnico aos produtores na gestão das propriedades.
“É um modelo de assistência técnica continuado, que engloba todos os processos da cadeia produtiva e possibilita a realização de ações efetivas nas áreas econômica, social e ambiental, assim como os processos de gestão do negócio”, sublinha.
O produtor de banana de Ermo, no Sul, Alcione Cardoso Pedro, está no segundo mês de assistência técnica e já cita resultados. Com 5.000 pés de banana branca orgânica em uma área de 3,5 hectares, a família produz 1.280 kg da fruta por mês e está trabalhando na organização dos dados da produção para aprimorar a gestão dos negócios e ampliar produtividade e renda. “Buscamos esse acompanhamento técnico para aumentarmos a produção e o lucro, utilizando a mesma área de cultivo. O programa está apontando como podemos alcançar essa meta”, projeta Alcione. Além da banana, a família também produz tabaco e cultiva maracujá em um pomar de um hectare no sistema convencional.
A evolução nos resultados é o que também espera Valmir Bueno de Oliveira. “A assistência técnica vai nos ajudar a melhorar a produção e ampliar a produtividade. Já implantamos sistema de irrigação por gotejamento e agora precisamos criar uma barreira de proteção contra a geada que há dois anos tem prejudicado a floração das plantas e o cultivo das peras”.
METODOLOGIA
Na região Sul, dois grupos de fruticultura orgânica integram o programa, englobando 60 produtores dos munícios de Timbé do Sul, Turvo, Ermo, Sombrio e Jacinto Machado. Uma turma iniciou os trabalhos em outubro e a outra começa em novembro. De acordo com o supervisor técnico do SENAR na região, Jaison Buss, as principais culturas são banana, pitaya e citrus, 100% orgânicas.
“São fruticultores já organizados em associações, certificados de forma auditada e participativa e que integram o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos. Nosso trabalho é apresentar a eles um modelo de adequação tecnológica associada à consultoria gerencial, que priorize a gestão da atividade de forma eficiente e permita alcançar mudanças efetivas no ambiente das empresas rurais”, destaca Buss.
A metodologia do programa está fundamentada em cinco etapas: diagnóstico produtivo individualizado; planejamento estratégico; adequação tecnológica; capacitação profissional complementar e avaliação sistemática de resultados.
A engenheira agrônoma e técnica de campo do programa em Timbé do Sul, Lucinéia Vanzetto, destaca que o grupo é formado por pequenas propriedades, com média dos pomares de 14 hectares e comercialização assegurada em todo o Estado pela Associação de Agricultores Ecologistas Vida Nova. Os desafios dos produtores, segundo ela, são a adequação ambiental das propriedades para a produção orgânica, organização e gestão dos negócios, além do manejo correto – cobertura do solo, podas, condição correta dos pomares, barreiras vegetais para reduzir a velocidade do vento e proteção de cultivares.
“A região tem vocação natural para a fruticultura, com distribuição de chuvas regulares durante o ano e calor na maior parte do período, o que facilita o cultivo. O maior desafio aqui é a adequação ambiental para a produção orgânica, que é diferenciada da convencional e ainda está em menor escala. A vantagem da produção, além da qualidade das frutas, é o preço, que se mantém estável durante o ano todo e ajuda no planejamento dos fruticultores”, ressalta.
A banana tem safra o ano todo, a pitaya entre dezembro e maio e os citrus contam com plantio escalonado para o ano inteiro. Segundo Lucinéia, neste ano, além da pandemia que atrapalhou a comercialização, os produtores tiveram prejuízos com o ciclone bomba em julho e a chuva de granizo do início de outubro. Os eventos climáticos comprometeram 60% da produção de banana e boa parte da pitaya. “Os agricultores estão trabalhando na recuperação das áreas e contam com a ATeG para auxiliá-los na melhoria da produtividade”.
POTENCIAL
Na região do Meio Oeste, os destaques são para pomares de uva (28 t/ha), maçã (35 t/ha), pêssego (30 t/ha), ameixa (22 t/ha) e nectarina (22 t/ha). Segundo o supervisor técnico do SENAR, Jeam Palavro, duas turmas de produtores iniciam a assistência técnica e gerencial, abrangendo os Sindicatos Rurais de Fraiburgo e Videira no mês de novembro. Outra turma está sendo formada para iniciar na região de atuação do Sindicato Rural de Tangará. “A região já abastece outros Estados e tem grande potencial de crescimento. A ATeG é um passo importante na busca da profissionalização das atividades, através de controle dos processos produtivos e gerenciais”, observa Palavro.
No Planalto Norte, a turma que inicia em novembro em Itaiópolis abrange quatro municípios e será acompanhada pelo engenheiro agrônomo e técnico de campo Ricardo Costa. Segundo ele, o clima temperado potencializa a produção de pera, ameixa, uva, maçã, caqui e pêssego na região que é considerada o terceiro polo fruticultor no Estado.
“O potencial da região para a atividade é grande, especialmente pelo fato de surgirem culturas novas e a possibilidade de remuneração o ano todo. A produção convencional é mais forte, mas também temos produção orgânica, especialmente de uva. O desafio é organizar as propriedades e capacitar os produtores para melhorar a qualidade das frutas. Nesta cadeia, volume e qualidade precisam andar lado a lado”, detalha Costa. De acordo com o técnico, a maior oportunidade está na produção de peras, devido ao aumento de consumo e ao fato de o Brasil importar 80% das frutas que consome. “Isso mostra o mercado que temos para explorarmos”.
MERCADO
De acordo com dados da Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/CEPA), o Estado possui mais de 14 mil fruticultores e mais de 55 mil hectares de área colhida nas principais lavouras. É o maior produtor de maçã do Brasil (500 mil toneladas), segundo maior produtor de pera (6.900 toneladas) e pitaya do País (330 mil toneladas), quarto produtor nacional de banana, com produção de 10,2% do total brasileiro e o terceiro na produção de maracujá — são 2,3 mil hectares de plantação, 80% deles na região Sul.
“São números que mostram a força do agronegócio catarinense nas mais diversas cadeias. O nosso programa chega para somar com o setor porque, além da técnica que melhora a eficiência e a eficácia da produção, a ATeG possibilita o aumento da rentabilidade das famílias”, sublinha o presidente do Sistema FAESC/SENAR-SC, José Zeferino Pedrozo.
“Temos muito orgulho deste programa que melhora o trabalho e a renda dos produtores e qualifica a produtividade em todas as cadeias atendidas no Estado. Nossa meta na Fruticultura é ampliarmos o número de turmas e de produtores assistidos em todas as regiões”, ressalta o superintendente do Senar/SC, Gilmar Antonio Zanluchi.
Neste período de pandemia, o trabalho de assistência técnica segue protocolo sanitário para atender todas as medidas determinadas pelos órgãos de saúde, entre elas, uso de máscaras, distanciamento social e higienização com álcool em gel.
Fonte: MB Comunicação
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