O Programa Estadual de Sanidade das Grandes Culturas é executado pela Cidasc para a proteção das lavouras catarinenses. Visa o desenvolvimento das ações relacionadas às pragas regulamentadas para a produção de soja, milho e tabaco em SC.

O programa é executado no âmbito da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal – DIDEV da CIDASC.

Coordenador: Diogo Antonio Deoti

Contato: culturas@cidasc.sc.gov.br


Cultura da Soja em Santa Catarina

Segundo o Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola – Epagri/Cepa, a produção de soja no Estado de Santa Catarina, na safra 22/23 chegou a 3,02 milhões de toneladas, com produtividades médias em algumas regiões acima de 4 toneladas por hectare, rendimento que reflete a evolução tecnológica da cultura ao longo dos anos. De acordo com o Sistema de Gestão da Defesa Agropecuária Catarinense – Sigen, da CIDASC, na última safra, mais de 35.000 usuários adquiriram defensivos agrícolas para uso na cultura da soja no estado. 

Tabela 1 – Produção e área cultivada de soja em SC na safra 2022/2023

DescriçãoÁrea (ha)% da áreaProdução (t)
1ª safra732.20592,8%2.860.141
2ª safra57.1057,2%146.157
Total789.310100%3.026.298

Fonte: Epagri/Cepa

Produção de sementes de soja em Santa Catarina

O estado de Santa Catarina tem expressiva produção de sementes de soja, colhendo uma área de 113.812,59 ha (Controle da Produção de Sementes e Mudas – SIGEF, 2023) de campos de produção de sementes de soja registrados junto ao MAPA nas safras 2022/2023 e 2023/2023. A expressiva produção de sementes é comercializada tanto no estado de Santa Catarina como nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul e exportadas para países do Mercosul. A produção de sementes de soja é realizada por produtores independentes e cooperativas do agronegócio de Santa Catarina e de outros estados que possuem suas filiais em território catarinense devido às condições edafoclimáticas favoráveis para a produção de sementes de soja, garantindo sementes com mais vigor e qualidade.

Ferrugem asiática

A ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, foi constatada em lavouras no Brasil na safra 2001/02 e rapidamente espalhou-se pelas principais regiões produtoras, em função da eficiente disseminação pelo vento.

O nível de dano que a doença pode ocasionar depende do momento em que ela incide na cultura, das condições climáticas favoráveis à sua multiplicação, da resistência/tolerância e do ciclo da cultivar utilizada. Reduções de produtividade próximas a 70% podem ser observadas quando comparadas áreas tratadas e não tratadas com fungicidas, em anos de alta incidência da doença.

A confirmação da ferrugem é feita pela constatação no verso da folha (face abaxial), de saliências semelhantes a pequenas feridas (bolhas), que correspondem à estrutura de reprodução do fungo (urédias).

O Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja – Phakopsora pachyrhizi (PNCFS) no âmbito do Ministério da Agricultura e Pecuária, instituído pela Portaria SDA/MAPA Nº 865, de 2 de agosto de 2023, prevê a organização dos entes envolvidos e as estratégias a serem adotadas no país, para controle da doença. Entre as estratégias previstas estão o Calendário de Semeadura da Soja e o Vazio Sanitário.

Vazio Sanitário

Entende-se por vazio sanitário o período definido e contínuo em que é proibido cultivar, manter ou permitir, em qualquer estágio vegetativo, plantas vivas emergidas de uma espécie vegetal em uma determinada área, com vistas à redução do inóculo de doenças ou população de uma determinada praga.

Fica instituída a estratégia de vazio sanitário como uma das medidas fitossanitárias para o controle da praga Phakopsora pachyrhizi. A Secretaria de Defesa Agropecuária do MAPA, estabelece anualmente, em ato normativo próprio, os períodos de vazio sanitário em nível nacional, com pelo menos 90 (noventa) dias sem a cultura e plantas voluntárias no campo.

Os períodos de vazio sanitário serão estabelecidos com base em dados de pesquisa científica, do monitoramento da praga na safra anterior, nos resultados dos ensaios de eficiência de fungicidas, nas condições edafoclimáticas, entre outros.

Calendário de Semeadura da Soja

Entende-se por calendário de semeadura como sendo o período único para as datas de início e término de semeadura da soja.

Fica instituído o calendário de semeadura de soja, como medida fitossanitária complementar para a racionalização do número de aplicações de fungicidas e redução dos riscos de desenvolvimento de resistência do fungo Phakopsora pachyrhizi às moléculas químicas utilizadas para o controle da Ferrugem Asiática da Soja.

Os períodos de calendário de semeadura serão estabelecidos com base em dados de pesquisa científica, do monitoramento da praga na safra anterior, nos resultados dos ensaios de eficiência de fungicidas, nas condições edafoclimáticas, entre outros.


Regiões e Períodos de vazio sanitário e calendário de semeadura

O períodos de vazio sanitário e de calendário de semeadura de soja em nível nacional, referentes à safra 2024/2025, foram estabelecidos pela Portaria SDA/MAPA nº 1.111, de 13 de maio de 2024. Para Santa Catarina, os períodos são os seguintes:

Região I (Sul do estado):

  • Vazio Sanitário: 04 de julho de 2024 a 12 de outubro de 2024
  • Período de Semeadura: 13 de outubro de 2024 a 10 de fevereiro de 2025 (120 dias)

Municípios: Araranguá, Armazém, Balneário Arroio do Silva, Balneário Gaivota, Balneário Rincão, Braço do Norte, Capivari de Baixo, Cocal do Sul, Criciúma, Ermo, Forquilhinha, Garopaba, Grão Pará, Gravatal, Içara, Imaruí, Imbituba, Jacinto Machado, Jaguaruna, Laguna, Lauro Muller, Maracajá, Meleiro, Morro da Fumaça, Morro Grande, Nova Veneza, Orleans, Passo de Torres, Pedras Grandes, Pescaria Brava, Praia Grande, Rio Fortuna, Sangão, Santa Rosa de Lima, Santa Rosa do Sul, São João do Sul, São Ludgero, São Martinho, Siderópolis, Sombrio, Timbé do Sul, Treviso, Treze de Maio, Tubarão, Turvo e Urussanga.

Região II (Planalto Norte ao Alto Vale do Itajaí):

  • Vazio Sanitário: 04 de julho de 2024 a 01 de outubro de 2024
  • Período de Semeadura: 02 de outubro de 2024 a 30 de janeiro de 2025 (120 dias)

Municípios: Agrolândia, Agronômica, Atalanta, Aurora, Bela Vista do Toldo, Braço do Trombudo, Campo Alegre, Canoinhas, Chapadão do Lageado, Dona Emma, Ibirama, Imbuia, Irineópolis, Itaiópolis, Ituporanga, José Boiteux, Laurentino, Leoberto Leal, Lontras, Mafra, Major Vieira, Mirim Doce, Monte Castelo, Papanduva, Petrolândia, Porto União, Pouso Redondo, Presidente Getúlio, Presidente Nereu, Rio do Campo, Rio do Oeste, Rio do Sul, Rio Negrinho, Salete, Santa Terezinha, São Bento do Sul, Taió, Timbó Grande, Três Barras, Trombudo Central, Vidal Ramos, Vitor Meireles e Witmarsum.

Região III (Oeste):

  • Vazio Sanitário: 04 de julho de 2024 a 01 de outubro de 2024
  • Período de Semeadura: 02 de outubro de 2024 a 30 de janeiro de 2025 (120 dias)

Municípios: Abelardo Luz, Águas de Chapecó, Águas Frias, Alto Bela Vista, Anchieta, Arabutã, Arvoredo, Bandeirante, Barra Bonita, Belmonte, Bom Jesus, Bom Jesus do Oeste, Caibi, Campo Erê, Capinzal, Caxambu do Sul, Chapecó, Concórdia, Cordilheira Alta, Coronel Freitas, Coronel Martins, Cunha Porã, Cunhataí, Descanso, Dionísio Cerqueira, Entre Rios, Faxinal dos Guedes, Flor do Sertão, Formosa do Sul, Galvão, Guaraciaba, Guarujá do Sul, Guatambú, Ipira, Iporã do Oeste, Ipuaçu, Ipumirim, Iraceminha, Irani, Irati, Itá, Itapiranga, Jardinópolis, Jupiá, Lajeado Grande, Lindóia do Sul, Maravilha, Marema, Modelo, Mondaí, Nova Erechim, Nova Itaberaba, Novo Horizonte, Ouro Verde, Paial, Palma Sola, Palmitos, Paraíso, Passos Maia, Peritiba, Pinhalzinho, Piratuba, Planalto Alegre, Ponte Serrada, Presidente Castello Branco, Princesa, Quilombo, Riqueza, Romelândia, Saltinho, Santa Helena, Santa Terezinha do Progresso, Santiago do Sul, São Bernardino, São Carlos, São Domingos, São João do Oeste, São José do Cedro, São Lourenço do Oeste, São Miguel da Boa Vista, São Miguel do Oeste, Saudades, Seara, Serra Alta, Sul Brasil, Tigrinhos, Tunápolis, União do Oeste, Vargeão, Xanxerê, Xavantina, Xaxim e Zortéa.

Região IV (Demais municípios do estado):

  • Vazio Sanitário: 04 de julho de 2024 a 01 de outubro de 2024
  • Período de Semeadura: 02 de outubro de 2024 a 10 de janeiro de 2025 (100 dias)

Mapa com a regionalização do calendário de semeadura de soja em SC

Mapa com a regionalização do calendário de semeadura de soja em SC

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Legislação sobre a ferrugem asiática

Vigentes:

Expiradas ou revogadas:

Cultura do Tabaco

Santa Catarina é o 2º maior produtor nacional de tabaco, responsável por aproximadamente 30% da produção. Segundo dados do Sinditabaco e da Epagri/Cepa, na safra 2022/2023 a área plantada foi de 86.361 hectares, produzindo 196.614 toneladas de tabaco, envolvendo aproximadamente 38.000 pequenos produtores rurais, sendo que, dos 295 municípios catarinenses, aproximadamente 200 são produtores de tabaco.

A cultura gerou cerca de R$ 2 bilhões em receitas aos produtores catarinenses na safra 2021/22. A exportação de tabaco e derivados representaram 3,55% do valor faturado com exportações do agronegócio Catarinense no ano de 2021, totalizando aproximadamente 177 milhões de dólares, demonstrando com isso que a cultura é significativa para a nossa economia. Nossos principais importadores são a União Europeia e Extremo Oriente.

A ampliação dos mercados do tabaco catarinense através da exportação passa necessariamente pela adequação fitossanitária imposta pelos países importadores como a China. Nesta direção, devido à importância social e econômica da cultura do tabaco para Santa Catarina, a CIDASC, juntamente com o Ministério da Agricultura, Sinditabaco e Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC iniciaram em 2011 o levantamento de detecção do fungo Peronospora tabacina em todas as regiões produtores de tabaco de Santa Catarina.

Mofo Azul do Tabaco

O fungo Peronospora tabacina é o agente causador do “Mofo Azul”, praga considerada como restritiva no território Chinês. A doença ataca geralmente com grande virulência as plantas do tabaco desde a emergência até a colheita, particularmente as folhas jovens. O sintoma principal é o aparecimento de manchas amareladas de tamanho variável, podendo atingir uma região de até 3 centímetros de diâmetro na parte superior das folhas jovens. Na parte inferior da folha existe uma leve pubescência branco-acinzentada com reflexos azulados, o que denomina a doença. Também podem aparecer sintomas sistêmicos, que causam deformações nas folhas e no broto terminal. Seus conídios transportados pelo vento, podem disseminar a doença a muitos quilômetros de distância e, como a cultura do tabaco visa o aproveitamento das folhas, quando a doença se instala provoca uma enorme depreciação no produto final, ou, até mesmo, a sua destruição.

No ano de 2012, após uma avaliação sobre a importância da fumicultura para Santa Catarina, a CIDASC, através da Gerência de Defesa Sanitária Vegetal, decidiu realizar um controle mais efetivo dessa praga em nosso território, intensificando as ações de monitoramento dessa praga, fazendo cumprir o estabelecido na Instrução Normativa Nº 03 de 29 de fevereiro de 2012, do MAPA.

Anualmente a CIDASC realiza o levantamento de detecção da praga, conforme estabelecido pela legislação vigente. O levantamento consiste na auditoria do trabalho realizado pelas empresas fumageiras e a inspeção in loco das propriedades para verificação das plantas de tabaco na lavoura ou no galpão, para identificação da presença ou ausência da doença.

Na safra 2022/23, as ações foram definidas pela Instrução de Serviço 06/2022, de 01 de novembro de 2022, que estabeleceu os procedimentos técnicos para acompanhar as atividades das fumageiras, bem como, realizar o levantamento de detecção, inclusive, com a coleta de amostras de material suspeito, para confirmação em laboratório. Neste levantamento da praga a CIDASC fiscalizou o trabalho das empresas fumageiras em 70 unidades de produção de tabaco, onde não foram detectados sintomas suspeitos do fungo Peronospora tabacina.

Legislação Mofo Azul


Cultura do Milho

Segundo a Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina – 2021-2022 (Epagri-Cepa) a área destinada ao cultivo de milho-grão no estado é de aproximadamente  340 mil hectares. Por outro lado, o cultivo de milho para fins de produção de silagem ocupou, na safra 2020/21, uma área de 220 mil hectares. Com isso, os dois cultivos, milho-grão e milho-silagem, ocupam cerca de 550 mil hectares. Problemas climáticos nas últimas duas safras impediram maiores avanços na produtividade. A estiagem no Sul do Brasil e a ocorrência de “cigarrinha” em lavouras reduziu a produção total de grãos para cerca de 2,1 milhões de toneladas ao ano. Para 2023 é esperado uma recuperação da produção no estado para 2,6 milhões de toneladas.

O plantio de milho é realizado de forma bem distribuída, pois é cultivado em todas as microrregiões do estado. As microrregiões de Joaçaba, Campos de Lages e Chapecó somam mais de 50% da área cultivada no estado. As microrregiões que estão registrando as maiores reduções são as de São Miguel do Oeste e Chapecó, principalmente em função do avanço do plantio de milho para a produção de silagem, pois elas respondem por 50% da produção leiteira do estado.

 Em 2022, houve necessidade de aquisição de cerca de 5,5 milhões de toneladas de milho-grão para atender a demanda do estado de Santa Catarina. A situação é mais crítica no oeste catarinense, onde o déficit entre a produção e o consumo se acentua devido à concentração da produção de aves e suínos. Entre as alternativas que a Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, junto com setores produtivos com vistas a minimizar os efeitos do déficit de milho, destacam-se: aumentar a produção do milho no estado pela elevação da produtividade; investir no aumento da capacidade de armazenagem; fomentar pesquisas de outros grãos para completar a alimentação dos animais, como trigo, triticale e cevada; investir em ferrovias, como solução, embora de médio a longo prazo, para viabilizar a vinda do produto do Centro-Oeste.

Cigarrinha do Milho

A cigarrinha-do-milho, Dalbulus maidis, é o inseto que transmite os patógenos do complexo de enfezamentos do milho, doenças sistêmicas causadas por vírus e molicutes (bactérias). Surtos populacionais da cigarrinha-do-milho têm sido observados no estado de Santa Catarina, a partir da safra 2020/21, trazendo grande preocupação ao setor produtivo. Os adultos da cigarrinha possuem coloração amarelo-palha, medem aproximadamente 4mm de comprimento e são facilmente identificados por duas manchas negras entre os olhos. Na fase adulta, habitam preferencialmente o cartucho das plantas de milho. As ninfas são verificadas preferencialmente na face inferior da folha (abaxial). A cigarrinha-do-milho se reproduz com rapidez. Cada fêmea pode depositar até 600 ovos abaixo da epiderme da folha do milho (postura endofítica). As ninfas eclodem e passam por 5 estágios. O ciclo ovo-adulto se completa em torno de 25 dias e os adultos podem sobreviver por até dois meses, dependendo da temperatura. (Manejo da cigarrinha-do-milho Dalbulus maidis – Epagri/2022)

Milho guaxo ou tiguera

A cigarrinha somente se multiplica em plantas de milho, teosinto e do gênero Tripsacum, não tendo outros hospedeiros conhecidos. Já os patógenos do complexo dos enfezamentos ocorrem exclusivamente em milho. Assim, é importante que o milho guaxo seja eliminado, para evitar a permanência do inseto vetor na área e suprimir as fontes de inóculo dos patógenos. Para evitar o aparecimento do milho guaxo, recomenda-se uma boa regulagem das colhedoras, cuidados adicionais no transporte para evitar a queda de grãos no solo e manejo das tigueras com herbicidas na entressafra. (Manejo da cigarrinha-do-milho Dalbulus maidis – Epagri/2022)

Não há legislação para o manejo integrado de controle da cigarrinha do milho e das plantas voluntárias de milho no estado de Santa Catarina, mas as ações conjuntas do Estado através dos órgãos da Secretaria da Agricultura, do setor organizado e dos produtores rurais, permite que a cultura se estabeleça em melhores condições sanitárias, garantindo assim uma maior produtividade da cultura.


Plantas Daninhas

As plantas daninhas de interesse as lavouras de grandes culturas, apresentam baixa especificidade por cultura, portanto, são tratadas como de interesse para o estado como um todo. As plantas daninhas classificadas como pragas quarentenárias ausentes para Santa Catarina são Amaranthus palmeri, Striga spp., Cirsium arvense e Orobanche spp.

Presentes e que são de interesse para o estado, podemos citar o Amaranthus hybridus, Lolium multiflorum, Conyza spp. e Ambrosia artemisifolia.